*Artigo escrito por Caique Lagassi Guerra, engenheiro de Produção com MBA em Controladoria e Finanças e membro do IBEF Academy.
Por definição, generalismo é o contrário de particularismo. O termo pode ser personificado em uma pessoa que não possui uma única especialização; que atua em diversas áreas.
O líder generalista não precisa necessariamente liderar com um grande mix de áreas. Ele é um facilitador, um pilar entre os diferentes setores.
Desta forma, ele acaba por se tornar um ponto focal de integração da comunicação, aliando parte de seu conhecimento técnico e uma adaptabilidade às mudanças e inovações de cada área.
Neste sentido, uma das coisas mais importantes e buscadas dentro das organizações empresariais é uma comunicação eficaz.
Diferente do que muitos acreditam, a comunicação não está ligada apenas ao fato de saber dizer algo a outras pessoas. Ela consiste em fazer com que o outro lado – no caso, o receptor – entenda aquilo que é dito, sem que haja qualquer tipo de má interpretação.
Dessa forma, salienta-se a importância de bons comunicadores dentro da empresa. Essas pessoas acabam por se tornar uma espécie de tradutores para as outras áreas.
Pense bem: existem centenas de setores dentro de uma organização, cada qual com a sua particularidade.
Ao tomar como base um exemplo lúdico de uma empresa de projetos, na qual existem vários setores: um setor contábil, com suas diversas normas contábeis; um setor de tecnologia com suas programações e equipamentos e uma área produtiva, a qual cuida de toda engenharia.
Se todas essas áreas não estiverem em uma boa sintonia de comunicação, falhas no processo poderão surgir, afetando toda a cadeia produtiva da organização.
Nessa linha, a PM Survey, uma pesquisa anual organizada por especialistas em PMI, elencou que a principal causa por atraso em projetos é oriunda de uma falha da comunicação, conforme gráfico a seguir:
Somado a isso, uma pesquisa realizada pela Columbia Business School e pela Tulane University afirma que profissionais generalistas acabam por receber propostas mais atraentes que especialistas, chegando a um diferencial de 36% da massa salarial.
É evidente que a empresa ainda necessitará de todo seu esquadrão de especialistas para tratar suas especificidades. Essa é a mágica do negócio.
Uma empresa 100% integrada e alinhada, com a informação correndo horizontalmente e verticalmente, da forma que a organização deseja, é muito mais eficaz, ágil e assertiva na tomada de decisão.
Grandes empresas possuem sérias dores relacionadas à comunicação intersetorial. Às vezes, chega ao ponto de a comunicação ser evitada pelo não nivelamento de informações entre as partes.
Até a interpretação de indicadores financeiros é comprometida por falta de um integrador. Este ente integrador deve ter a capacidade de se comunicar em todos os “idiomas” proferidos pela setorização, trazendo analogias que conectem os ambientes e facilitem este canal de comunicação.
Um dos conceitos que exemplifica o que foi exposto é o “ELI5”, que é a redução de “Explain like i’m 5” ou “Explique como se eu tivesse cinco anos”. Esta técnica busca ter o menor esforço possível para compreender o que está sendo dito, com a exposição em uma linguagem leiga e amigável.
Algumas alternativas já são difundidas no meio corporativo: as atuações dos businesses partners, que são profissionais responsáveis por fazer o alinhamento entre o setor de Recursos Humanos e as estratégias de uma empresa e o setor de Controladoria, que necessita de um grande entendimento dos números combinado a uma grande capacidade de comunicação, simplificando os relatórios e facilitando a tomada de decisão.
Por certo, as empresas devem incentivar a multidisciplinaridade interna, além de prover um ambiente para o desenvolvimento de líderes generalistas. Como visto anteriormente, uma comunicação eficaz pode ser a diferença entre uma excelente entrega e uma quebra de expectativas.
