Economia

Conheça os bastidores da visita a uma plataforma de produção de petróleo

O repórter do jornal online Folha Vitória Iures Wagmaker embarcou na plataforma P-57 da Petrobras e conta o que viveu durante a experiência

2017 – 09 – 25 – Brasil – ES – Plataforma P57 – Foto:Gabriel Lordello/Mosaico Imagem
2017 – 09 – 25 – Brasil – ES – Plataforma P57 – Foto:Gabriel Lordello/Mosaico Imagem

Texto: Iures Wagmaker

A ansiedade, o nervosismo e receio por nunca ter vivido uma experiência desse tipo tomaram conta de mim quando, na quinta-feira (21), recebi a pauta que eu faria na segunda-feira (25). Visitar uma plataforma de produção de petróleo em alto mar e viajar de helicóptero até lá. Mar? Céu? Como assim, gente!?

“Morro de medo de helicóptero”, disse uma colega de redação. “Eu também”, concordou a outra quando a editora anunciou que precisaria de alguém para essa viagem. “Eu não sei se tenho coragem. Nunca fiz isso”, eu disse na frustrada tentativa de me esquivar da experiência. Tudo bem, fui o escolhido!

Eis que chega o grande dia. Segunda-feira, 7 horas, Aeroporto de Vitória. ‘Vou registrar tudo pelo celular’, pensei. Engano meu. Logo no check-in o smartphone é desligado e lacrado em uma pequena sacola plástica. Não pode usar no helicóptero e nem na plataforma, pois apresenta vários riscos à segurança. Ah! Se você um dia for convidado para viver essa experiência, nem adianta escolher a melhor roupa. Ela será trocada pelo padronizado macacão laranja da Petrobras. #FicaDica!

Uniforme vestido, bota calçada, celular lacrado e turma reunida. Éramos vários membros de diversos veículos da imprensa. Antes de embarcar, orientações de segurança durante o voo. Use o cinto, coloque o abafador no ouvido e não se esqueça do colete salva vidas. Todos à bordo, hélices ligadas e 40 minutos depois lá estávamos nós na plataforma P-57.

Sabe quando você chega em um lugar e fica impressionado com a beleza e como é possível algo tão incrível? Pois é. Foi assim que me senti. Uma imensidão de água por todos os lados de um mar com uma coloração inigualavelmente azul. Ok, vamos parar de admirar porque ainda temos um navio inteiro para conhecer.

Segue em frente, mas sempre do lado direito da escada e segurando o corrimão. Sim, a segurança é essencial e todo cuidado é pouco para evitar qualquer tipo de acidente, por menor que seja. Em uma sala, mais orientações de segurança. Como circular, onde caminhar, onde pode ir e como fazer qualquer coisa ali são informações passadas a todos.

Hora de conhecer as dependências da embarcação. Na plataforma, divididos em turnos e em escalas, trabalham cerca de 310 funcionários, sendo aproximadamente 159 próprios. Desse número, 57% são capixabas, representando uma importante fonte de emprego para o Espírito Santo.

Nos refeitórios, refeições são realizadas a cada três horas, em média. Os quartos possuem armários e podem ser de uma, duas ou quatro camas, onde a tripulação pode descansar nos momentos de folga ou se distrair vendo TV, disponíveis em todos os leitos. Banheiros também são disponibilizados em todos. Quem estiver à bordo, também tem acesso à internet Wi-Fi e telefones para contato com a família. No entanto, telefones celulares não são permitidos em todos os locais.

Interior do navio visitado, hora de conhecer a parte externa. Com capacetes, luvas e abafadores, bastou olhar pela porta para perceber que uma forte chuva caía naquele momento. Mais uma vez, por questões de segurança, somos orientados a colocar as capas de chuva. A cor? Um laranja com uma intensidade ainda maior que a do macacão. Todos protegidos, vamos sair e encontrar… o sol!

Conhecemos o laboratório onde as análises da qualidade do petróleo são realizadas a todo o momento. São 18 poços de produção e é necessário que haja um controle sobre o que é produzido em cada um. Na área de produção, uma “avenida” é uma velha conhecida dos capixabas: a Reta da Penha. Sim, um grande corredor de circulação recebeu este nome em alusão à avenida localizada na capital do Espírito Santo.

A visita estava muito interessante, o que foi o suficiente para nem ver o tempo passar. Talvez o fato de não olhar o horário a todo momento no celular tenha ajudado. Chegado o momento de voltar para o continente e todas as regras de segurança durante a viagem são repassadas. De volta ao helicóptero, mais 40 minutos de viagem e avistando baleias em alto mar, voltamos para o aeroporto. Missão cumprida!

A plataforma

A plataforma P-57 está localizada no campo de Jubarte, no norte da bacia de Campos, a cerca de 77 quilômetros de distância da costa, e produz cerca de 70 mil barris de óleo por dia, sendo a segunda maior produtora da Petrobras no Espírito Santo. 

De acordo com a gerente de operações da plataforma, Giovana Fassarela Alvarenga, a P-57 tem a capacidade de armazenar 1,6 milhão de barris de petróleo(254.380 m³). O descarregamento é realizado a cada sete dias com o auxílio de outro navio. Em operação desde 2010, a plataforma já produziu 212,4 milhões de barris.

A visita da imprensa ao local fez parte das comemorações do aniversário da Petrobras, que comemora, neste mês, 60 anos de atividades no Espírito Santo. O primeiro poço marítimo da empresa no Brasil foi perfurado, em 1968, na região de São Mateus. Em 2008, o Estado foi palco de outro momento marcante: teve início a produção na camada pré-sal aconteceu no campo de Jubarte, em águas capixabas.

As operações da companhia no Espírito Santo variam entre diferentes tipos de petróleo em terra ou no mar, além de processamento de gás natural para o abastecimento de indústrias, veículos e residências. Três terminais marítimos, geridos pela Transpetro, estão instalados no Estado, assim como uma extensa malha de dutos pelos quais é escoada a produção.

Petrobras no ES

Veja os principais marcos da história da Petrobras no Espírito Santo:

1957: Primeiras equipes exploratórias chegam ao Espírito Santo

1959: Perfurado o primeiro poço terrestre

1967: Primeira descoberta de petróleo em terra

1968: Perfurado o primeiro poço marítimo da Petrobras no Brasil

1977: Descoberto petróleo no mar a 7 km da costa de São Mateus

1984: A produção no Espírito Santo alcança 24.984 barris de petróleo por dia

1986: Perfurado o poço 1-ESS-64, primeiro no estado, localizado no norte da Bacia de Campos e em profundidade de água de 794 metros

1999: Perfurado o primeiro poço em águas profundas no estado.

2000-2005: Descoberta do campo de Jubarte, três novos campos no Parque das Baleias, óleo leve no Campo de Golfinho e no pré-sal no campo de Caxaréu.

2006: Entram em operação Terminal Norte Capixaba (TNC), plataforma de Peroá, Polo Cacimbas, Estação Fazenda Alegre e os campos marítimos de Golfinho e Jubarte

2008: Início da produção de petróleo da camada pré-sal no Brasil, no campo de Jubarte

2012: 1º FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo) exclusivo para operação do pré-sal no Brasil – Parque das Baleias (FPSO Cidade de Anchieta)

2014: FPSO P-58 inicia operação de óleo e gás natural em poços do pós-sal e do pré-sal

2016: Recorde anual de produção de óleo, LGN e condensado da Unidade Operacional do Espírito Santo, com 371,8 mil barris por dia.

Fotos: Gabriel Lordêllo