Um imóvel desabou: e a manutenção?
Um imóvel desabou… e mais outro. E a resposta que todos querem saber: quem responsabilizar?
Na última segunda-feira (10/7), um prédio comercial desabou, na Zona Sul da cidade de Recife. O acidente aconteceu três dias depois do desmoronamento que deixou 14 mortos, em Paulista, Região Metropolitana da capital pernambucana. Em março deste ano, na capital capixaba, uma marquise no Centro de Vitória estava, literalmente, caindo aos pedaços. E quase todo mundo deve lembrar da piscina que desabou sobre a garagem de um prédio de luxo em Vila Velha (2021) e do desmoronamento de condomínio Grand Parc, também de luxo, em Vitória (2016).
Esses são apenas alguns exemplos, entre tantos que ocorrem Brasil afora, em consequência de estruturas com falta de manutenção, abandonadas ou mesmo novinhas, mas com falhas na construção. Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), o engenheiro Jorge Silva, destaca um ponto comum nessas ocorrências. “Na maioria desse tipo de acidente, em todo o país, o conselho verifica o envolvimento de profissionais ou empresas não regulamentados. “, aponta Elias, destacando a importância da ação dos Conselhos e demais órgãos fiscalizadores.
Um imóvel desabou…
O Engenheiro Lúcio Bastos é coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Crea-ES. E ele também preside o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Espirito Santo (Ibape-ES).
Ele explica que as manutenções têm inicio com um laudo de inspeção predial. Ou seja, realizar um check-up com tudo que precisa ser feito no imóvel, com ordem de prioridade técnica. “Existe uma norma da ABNT pra isso, com prioridades classificadas nas categorias 1, 2, e 3, que são identificadas nessa vistoria”.
Após a inspeção predial, o engenheiro monta um plano de manutenção preventiva e corretiva. A fim de resolver os problemas, chamados pelos profissionais de patologias estruturais. Esse plano é essencial para dar um norte técnico , correto, para que não ocorra nenhum desastre, como temos visto”, enfatizou.
Empresas constroem estruturas para terem uma longa vida útil. Mas elas precisam receber manutenções. “Estruturas de concreto não são perenes, pra vida toda. As pessoas não podem ignorar de forma alguma ferros aparecendo, infiltrações, concretos desagregando”, enfatiza Bastos.
Profissionais Capacitados
Bastos reitera o alerta do presidente do Crea-ES: é essencial exigir a atuação de profissionais devidamente qualificados, registrados. “A fim de avaliar o grau daquela manifestação patológica e como agir para sanar o problema”, pontua
Daí a importância de profissionais registrados no Crea e, se possível, com inscrição no Ibape, que também está no Brasil inteiro”, acrescenta Bastos. O engenheiro resume o caminho correto. Assim: contratação de profissional capacitado; correto diagnóstico; definir as prioridades. Em seguida: elaborar plano de manutenção preventiva e corretiva; e o condomínio executar.
“Essa é uma ferramenta excelente de gestão muito boa para a gestão do condomínio, porque o síndico tem na mão dele uma peça técnica que irá nortear a ação dele. Por exemplo, antes de fazer um embelezamento em uma portaria, se houver necessidade de um reparo na estrutura que possa gerar um grave acidente”, enumera o presidente do Ibape e coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Crea-ES.
Caso Recife
Segundo informações de profissionais do Crea e do Ibape de Pernambuco, os imóveis que desabaram já tinham as estruturas condenadas tecnicamente e estavam abandonados. E pessoas ocuparam esses locais. “Não houve mais nenhum tipo de manutenção e, com o tempo, os prédios vieram abaixo”, contou Bastos.
E nesse contexto, a previsão é de outros desabamentos devam ocorrer em prédios na mesma situação.