Você sabe o que são manifestações patológicas em construções?
Você, certamente, já se deparou com uma manifestação patológica em uma construção. À primeira vista, o nome pode parecer estranho, mas os incidentes são mais comuns do que se imagina.
Manifestações patológicas são trincas, fissuras, rachaduras, desplacamento de rebocos e pastilhas de fachada, descolamento de cerâmicas, umidades, infiltrações, goteira, problemas nas instalações elétricas e hidráulicas, entre outros.
O problema é um velho conhecido para o motorista Alexandro Soares. Ele recebeu as chaves e se mudou para um apartamento novo em setembro de 2018. Apenas três meses após a chegada ao novo lar, as manifestações patológicas começaram a aparecer.
“O piso da sala começou a soltar e ficou mais alto. Além disso, como moro no último andar do prédio, sempre que chovia ocorria infiltração do teto na parede da sala”, contou.
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Por ainda estar em prazo de garantia, a construtora resolveu a questão do piso e da infiltração, aplicando todo o material novamente. Segundo ele, não houve mais o problema.
Por que isso ocorre?
Segundo o engenheiro civil, ambiental e de Segurança do Trabalho Giuliano Battisti, essas manifestações não são algo tão incomum em imóveis, sejam eles novos ou usados e requer bastante atenção dos seus moradores ou proprietários.
Battisti explica que a origem destes incidentes pode estar relacionada a vários fatores que vão desde a qualidade do material utilizado, sua aplicação e até mesmo do projeto e execução da obra e da manutenção, passando também por fatores de origem física e climática, podendo inclusive, em alguns casos, indicar problemas mais graves, como os estruturais.
“Parte destes fenômenos ocorre devido a variações térmicas que propiciam dilatações e contrações de materiais da alvenaria, piso, paredes e fachadas. Quando não assentadas de modo adequado, podem, durante o resfriamento e aquecimento deste material, apresentar tais anomalias. Por outro lado, existem problemas estruturais que também podem causas aparecimento de fissuras e trincas. Em todos os casos, um profissional legalmente habilitado deve ser consultado”, orienta.
Como evitar o problema
Para evitar o problema de umidade e infiltrações, por exemplo, Battisti explica que deve ser realizada uma impermeabilização adequada da laje, aliada a proteções contra incidência de chuvas nas portas e janelas e sistema de drenagem dos telhados e área externa. Estas medidas precisam ser previstas para evitar os problemas já na elaboração dos projetos do imóvel.
“Para os problemas hidráulicos e elétricos a prevenção passa pela elaboração e execução de projetos hidrossanitários para utilização de água e esgoto, e elétricos para instalações elétricas de iluminação, climatização, cozinha, entre outros. A redução dos índices de problemas passa também pela escolha dos materiais de construção e a execução de obras e manutenções devem ser executados por profissionais habilitados e responsáveis técnicos registrados no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea). Tendo um bom projeto em mãos, a execução desses serviços também deve ser bem conduzida para que todas as normas sejam atendidas”, explica.
A orientação e o alerta do Crea-ES para usuários dos imóveis e síndicos de condomínios é que, na ocorrência de qualquer manifestação deste tipo, um profissional habilitado deve ser imediatamente consultado para identificar a real origem do problema, reduzindo riscos, custos desnecessários e, inclusive, descartar possibilidade de existência de problemas mais sérios.
Neste sentido, o Conselho também recomenda que as manutenções dos imóveis, principalmente quando se trata de prédios, sejam sempre realizadas conforme os manuais entregues pelas construtoras e responsáveis técnicos, normas técnicas e legislações específicas.
“Quando estas anomalias ocorrem, precisam ser tratadas e a origem de sua causa precisa ser sanada. Para os casos de trincas e fissuras, após a identificação da origem do problema, os reparos precisaram ser realizados. Os profissionais utilizam, sempre que necessário, escoramentos por medida de segurança e recuperação e/ou reforço estrutural, conforme o caso em tela. Por ser um trabalho de alta complexidade, deve-se buscar um profissional experiente e habilitado para sua execução. Estes podem utilizar materiais de tecnologia avançada para garantir eficácia, eficiência, economia e segurança do trabalho”, ressalta.
Battisti também salienta que os métodos construtivos atuais não se limitam mais ao tradicional concreto armado, composto de concreto com estrutura de aço. Muitas obras, segundo ele, utilizam a tecnologia conhecida como laje protendida.
“Nesta estrutura, que apresenta algumas vantagens frente ao concreto armado, se um serviço ou reparo for executado por profissional não capacitado, o risco torna-se ainda maior, pois parte da estrutura é estabilizada por cabos e cordoalhas tensionados, tornando sua manutenção ainda mais especializada”, finaliza.