Foto Innovare divulgação.
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Vivemos na era da informação, com uma estrutura tecnológica jamais vista anteriormente na história da humanidade. Porém, diante de tantos avanços, o mundo parece ter se tornado ainda mais exaustivo para a maioria da população.

Diante da correria do dia a dia, diversos estudos indicam um tensionamento e um desequilíbrio físico e mental, independentemente do nível sócio econômico dos países.

Nesta matéria, a doutora Erika Ciconelli de Figueiredo, docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), traz como reflexão a importância da iluminação natural na promoção do bem-estar, qualidade de vida e produtividade, o que, em sua opinião, é frequentemente subestimado. “A maioria das pessoas passa grande parte do dia em ambientes fechados, com baixa exposição à luz natural, um fator que impacta significativamente diversos aspectos da saúde física e mental”, analisa.

Para Erika, a luz natural “é essencial para a regulação do ritmo circadiano, o relógio biológico que controla os ciclos de sono e vigília. Quando somos expostos a luz natural suficiente durante o dia, nosso corpo recebe o sinal de que é hora de estar alerta e ativo. Esse mesmo ciclo também regula a produção de melatonina, o hormônio responsável por induzir o sono. Sem uma exposição adequada, nosso ciclo circadiano fica desregulado, resultando em dificuldades para dormir e em um sono de baixa qualidade”, diz.

Erika lembra que diversos estudos apontam que a luz natural tem impacto direto na produção de cortisol, um hormônio relacionado ao estresse e à regulação de energia. “A falta de luz natural pode levar a uma diminuição nos níveis de cortisol, contribuindo para condições como a depressão sazonal (transtorno afetivo sazonal) e outros distúrbios de humor. Em escritórios e espaços de trabalho, ambientes bem iluminados naturalmente promovem um clima mais positivo, aumentando a satisfação e o engajamento dos colaboradores”, avalia a especialista.

Erika Ciconelli de Figueiredo. Foto divulgação.

“Ambientes com boa iluminação natural não apenas favorecem o bem-estar”, diz, mas também “melhoram significativamente a produtividade. Pesquisas indicam que trabalhadores expostos à luz natural durante o expediente relatam maior nível de energia e menor fadiga. Além disso, a iluminação adequada pode reduzir a necessidade de iluminação artificial, criando um ambiente visualmente mais confortável e menos cansativo para os olhos”.

Um sono reparador também é essencial para a recuperação do corpo e da mente. “Quando nosso ritmo circadiano é respeitado, é mais provável que tenhamos um sono profundo e reparador, que impacta positivamente a memória, o humor e o desempenho cognitivo. Pessoas que dormem melhor têm mais facilidade para lidar com situações estressantes, tornam-se mais resilientes e apresentam maior criatividade e produtividade no trabalho”.

Algumas formas de incluir mais luz natural do dia a dia, segundo Erika, são projetos arquitetônicos com espaços bem planejados, com janelas amplas e materiais que favoreçam a entrada de luz natural, bem como considerar soluções como persianas reguláveis e layout que aproveite ao máximo a luz natural.

“A baixa exposição à luz natural é um problema sutil, mas de impacto profundo, que pode levar a sintomas de exaustão, insônia e, em casos graves, até mesmo depressão. Priorizar a iluminação natural nos ambientes onde vivemos e trabalhamos é essencial para promover o bem-estar, melhorar a qualidade de vida e aumentar a produtividade”.

Como vimos, pequenas mudanças no cotidiano e no projeto dos espaços podem fazer uma grande diferença, trazendo benefícios para indivíduos e organizações.

Alex Pandini
Jornalista com mais de 3 décadas de experiência profissional, é repórter e apresentador da TV Vitória e assina o conteúdo do Constrói ES.