Economia

Pesquisa revela que capixaba vai gastar menos nas compras do final do ano

De acordo com levantamento realizado pela Fecomércio, índice de consumo caiu 20,5 pontos em novembro deste ano, em comparação com o meso período de 2013

Crédito caro, inflação e pessimismo em relação ao mercado de trabalho ajudaram no recuo do índice Foto: Divulgação

O capixaba está com menos disposição de consumo no final deste ano em comparação com o ano passado. Essa é a constatação da pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES).

De acordo com o levantamento, o índice caiu 20,5 pontos em novembro deste ano, em comparação com o meso período de 2013. Além disso, houve retração de 2,1 pontos no ICF, na comparação com o outubro, que apresentou 110,3 pontos.

Ainda segundo a pesquisa, as famílias com renda mensal de até dez salários mínimos apresentaram maior recuo no consumo, na comparação de novembro com outubro (108,9 pontos frente a 111,3 pontos, respectivamente). Já as famílias com renda mensal acima dos dez salários mínimos mantiveram o patamar (119,2 em novembro ante a 119,5 em outubro).

A queda ocorreu após uma gradativa recuperação da disposição de consumo da família capixaba, ocorrida a partir da Copa do Mundo, depois de o índice apresentar forte queda entre maio e junho. 

Segundo a Fecomércio, o índice permanece favorável, já que está acima de 100 pontos. Porém surpreendeu negativamente as expectativas de intensificação do consumo, justamente na reta final do ano, quando o trabalhador recebe o pagamento do 13º salário. 

O encarecimento do crédito, a persistência inflacionária e o menor otimismo em relação ao mercado de trabalho são as principais causas do recuo na disposição das famílias, na avaliação do presidente da Federação, José Lino Sepulcri.

Mercado de trabalho

Tais causas apontadas por Sepulcri atingiram fortemente a perspectiva e satisfação do consumidor. A avaliação da satisfação com o emprego atual registrou 124,6 pontos, uma retração de 4,7 pontos em relação a outubro. Houve queda mais acentuada na perspectiva profissional para os próximos meses, passando de 112,2 pontos, no mês passado, para 104,5 pontos em novembro.

Em contrapartida, a satisfação com a renda atual cresceu, em novembro, para 120,6 pontos em relação a 116,9 pontos do mês anterior. “Essa discrepância acontece devido ao cenário político e econômico, onde o consumidor fica cercado de incertezas e receoso quanto à estabilidade do seu emprego. Por outro lado, o pagamento do décimo terceiro salário em novembro e dezembro aumenta a renda do mês, causa certo alívio nas famílias, dando a sensação de contentamento”, avalia Sepulcri.

Consumo

Como forma de aquecer as vendas no final do ano e liberar o acesso ao crédito, o varejo renegociou as dívidas dos consumidores. Porém o elevado custo do crédito, em função dos juros, ainda inibem as famílias na hora das compras, de modo que a avalição quanto ao nível de consumo está mais distante da meta favorável, atingindo 86,6 pontos, enquanto o mesmo indicador em outubro fechou com 93,1 pontos.

A perspectiva de consumo para os próximos meses aumentou de 105,5 pontos, em outubro, para 116,4 pontos, em novembro. Os gastos nos próximos meses devem aumentar em consequência das festas de final de ano e das férias em janeiro e fevereiro. Nesta época, os pais se organizam para comprar os uniformes e materiais escolares dos filhos, além de pagar os impostos do início do ano (IPTU, IPVA, etc.).

Diferente do mês passado, em que as famílias se sentiam confortáveis para compras de bens duráveis, novembro apresentou outro comportamento do consumidor, que não acredita que atualmente é um bom momento para esse tipo de compra. O indicador mostra uma retração, registrando 99,7 pontos neste mês, frente aos 113,6 pontos em outubro. A retração foi mais acentuada nas famílias com renda mensal até 10 salários mínimos.