“Eu preciso ter um desses. Todos os meus amigos da escola têm!” “Se você me der um, prometo que…”. Que pai ou mãe nunca ouviu uma frase desse tipo sair de seu filho ou filha em relação a um presente? E quantos cederam à pressão e acabaram comprando o objeto de desejo de seu pequeno?
Foi justamente o que perguntou um estudo realizado pelo portal de educação financeira ‘Meu Bolso Feliz’, em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Das 694 pessoas entrevistadas, 52% afirmaram já ter comprado produtos para os filhos, mesmo sabendo que essa atitude iria comprometer o orçamento da própria família.
A pesquisa foi realizada com pessoas alfabetizadas, de todas as classes econômicas, nas 27 capitais brasileiras. A margem de erro é de 3,8 pontos percentuais, para um intervalo de confiança a 95%.
Quando questionados sobre os principais argumentos utilizados pelas crianças, 22% disseram que o mais difícil são as negociações de troca (o presente por um comportamento melhor, por exemplo). Em segundo lugar vem a chantagem emocional, argumento mencionado por 16% da amostra. Nesse caso, os pais acabam cedendo para não se sentirem culpados.
Motivos
Na avaliação dos especialistas ouvidos pelo portal, o consumo como moeda de troca está solidificado, na maioria dos casos, em um sentimento de culpa dos pais. “A satisfação do desejo sentido pelos filhos pode representar, na verdade, uma compra de paz de espírito para os próprios pais”, explica a psicóloga Tânia Zagury.
É tanto que, quando os pais foram perguntados sobre os produtos mais comprados para os filhos nos últimos três meses, os itens de eletrônicos (jogos, celulares e notebooks) aparecem em primeiríssimo lugar. Para a psicóloga, os itens são os campeões por serem os que deixam as crianças entretidas por mais tempo, inocentando os pais pela ausência dos progenitores.
Filho de peixe…
A pesquisa mostra que, em geral, os pais não estão dando bom exemplo aos filhos. Entre os entrevistados, 76% já ficaram inadimplentes, e 53% compraram alguma coisa sem precisar nos últimos três meses. Além disso, 74% não reservam uma parte dos ganhos mensais para poupança e 37% estão pagando atualmente cinco ou mais parcelas diferentes ao mesmo tempo.
Com mais da metade dos pais admitindo ceder à pressão dos filhos, a psicóloga concluir que a tarefa de formar consumidores mais conscientes não é nada simples. “Os pais não têm educação financeira, compram por impulso e sequer percebem que os filhos seguem o mesmo caminho”.