Economia

Contratação de fornecedores locais gera oportunidades

Empresas capixabas dão a volta por cima inovando, abrindo novos mercados e atendendo demandas de grandes organizações que priorizaram a contratação local.

Este ano trouxe um desafio extra para diversos empresários capixabas: manter os negócios em andamento diante da pandemia e das limitações que ela impôs. Muitos deles encontraram na priorização da contratação de fornecedores locais por grandes empresas a solução para não somente dar a volta por cima, mas abrir novas frentes de atuação.

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Paulo Vieira, diretor-presidente da PW Brasil Export S.A.

Foi o caso de Paulo Vieira, diretor-presidente da PW Brasil Export S.A., produtora da marca Missbella, que qualificou a sua equipe para a produção de máscaras de tecido e passou a fornecê-las para grandes empresas que priorizaram a contratação e adiantaram os pagamentos de fornecedores locais, visando minimizar os efeitos da pandemia.

“Com as coleções de inverno prontas para a venda, as lojas fecharam, e não tínhamos como quitar as contas. Montamos um plano de emergência para a empresa e uma das ações foi procurar oportunidades de faturamento. Percebemos que o mercado de máscaras e aventais estava desabastecido. Buscamos, então, uma qualificação oferecida pelo Senai-ES para adequarmos a nossa produção a itens da área de saúde”, revela Paulo.

O próximo passo do empresário foi entrar no movimento Indústria do Bem, da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), que indicou possíveis parceiros interessados na nova produção da PW Brasil. “A Vale foi a primeira grande organização que nos abriu as portas com a visão de valorizar as empresas do Espírito Santo, até mesmo simplificando os processos de cadastramento de novos fornecedores. Isso foi fundamental para nós. Foi o começo de um projeto que nos motivou a entrar no setor de saúde”, explica Paulo.

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O resultado, segundo ele, foi a realização de rodadas de negócios com outras empresas que também aderiram ao movimento de apoio ao setor do vestuário, que congrega 13 mil carteiras assinadas somente no Espírito Santo. “Tudo isso evitou demissões. Temos duas unidades localizadas no norte do Estado e cerca de 60 prestadores de serviços, com produção mensal de 70 mil peças. Hoje, estamos fornecendo máscaras de algodão para todo o Brasil”, comemora o empreendedor.

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ADAPTAÇÃO

Outra fábrica de camisas que gera 40 empregos diretos, possui seis lojas espalhadas pela Grande Vitória, e ainda movimenta uma rede de prestadores de serviços, é a Red Summer. Segundo seu diretor, Wellington Geraldo Fernandes Silva, com o fechamento do comércio em março, todos os pedidos foram cancelados.

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Equipe de produção da Red Summer.

“Já atendíamos a Vale com uniformes e recebemos um pedido grande de máscaras de tecido. Adaptamos toda a linha industrial. Foi um desafio que recebemos como uma perspectiva de recomeço. Em meio à recessão, tivemos um suporte enorme, pois o cliente também reduziu o prazo de pagamento. Não precisamos demitir nem os vendedores, que passaram a embalar as máscaras. Isso nos deu fôlego e esperança”, conta aliviado Wellington.

INOVAÇÃO

Outro setor que superou as consequências da pandemia com inovação foi o de plásticos. Felipe Antônio Wandekoken Gasparini, diretor da Plastin, empresa capixaba que atua há 23 anos na Serra produzindo acessórios para construção civil, confecção de moldes plásticos e serviço de injeção, conta que, apesar de uma parte da sua demanda cair, a de desenvolvimento de novos produtos aumentou.

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“Indicaram a nossa empresa para a Vale e recebi o desafio de produzir protetores faciais, um produto inédito em nossa linha. Em tempo recorde, fizemos todos os ajustes internos. Foi uma oportunidade ímpar para a Plastin. Já entregamos mais de 30 mil protetores para várias unidades da Companhia no país, garantindo o funcionamento da nossa indústria e mantendo os 16 empregos que geramos”.

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Protetores faciais adquirdos pela Vale.

Esse aprendizado, segundo Felipe, ainda abriu outras portas. “Não éramos fornecedores da Vale e agora já estamos atendendo a demanda de reposição do visor dos protetores. Além disso, com esse item passamos a atender centenas de empresas do Brasil, incluindo supermercados, atacados e shoppings”, explica Felipe.

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Além de contratar todos os itens relacionados com à pandemia de fornecedores locais, no Estado, a Vale antecipou os pagamentos de 243 pequenas e médias empresas capixabas e de cerca de 3 mil no Brasil. “Contamos com a disposição deles em inovar para implantar de forma inesperada uma série de medidas de segurança em nossas unidades operacionais. Juntos, desenvolvemos especificações de produtos e demos suporte técnico para adaptação de maquinário. O resultado foram itens como máscaras, protetores faciais e álcool, além de prestação de serviços na área médica, de higienização e assepsia, locação de tendas, entre outros. Contratamos serviços e materiais estimados em R$ 23 milhões, de março a junho, com empresas capixabas”, relata o gerente de suprimentos da Vale, Giovanni Eustáquio.

VALE 

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