A paralisação parcial dos empregados dos Correios, iniciada na segunda-feira (17) pelas representações sindicais da categoria, não afeta os serviços de atendimento da estatal. A informação é da própria empresa, que ressaltou ainda que um levantamento parcial, realizado na manhã desta terça-feira (18), mostrou que 83% do efetivo total dos Correios no Brasil está trabalhando regularmente.
Por meio de nota, a empresa informou que já colocou em prática seu Plano de Continuidade de Negócios para minimizar os impactos à população. Segundo os Correios, medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões estão sendo adotadas.
A empresa informou também que a rede de atendimento dos Correios está aberta em todo o país e os serviços, inclusive Sedex e PAC, continuam sendo postados e entregues em todos os municípios. Para mais informações, os clientes podem entrar em contato pelo telefone 0800 725 0100 ou pelo endereço https://apps2.correios.com.br/faleconosco/app/index.php.
Paralisação
Cerca de 100 mil funcionários dos Correios em todos os estados brasileiros decidiram entrar em greve a partir das 22 horas de segunda-feira. A paralisação ocorre por tempo indeterminado, em protesto contra a retirada de direitos, a privatização da empresa e a ausência de medidas para proteger os empregados da pandemia do novo coronavírus, informou a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect).
No Espírito Santo, a decisão da greve dos trabalhadores dos Correios foi tomada durante uma assembleia geral extraordinária convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios Prestadora de Serviços Postais, Telegráficos, Encomendas e Similares do Espírito Santo (Sintect-ES), na Praça Oito, no Centro de Vitória.
Por meio de nota, a Fentect afirmou ter sido surpreendida com a revogação, a partir de 1º de agosto, do atual acordo coletivo, cuja vigência vai até 2021. Segundo a entidade, 70 cláusulas com direitos foram retiradas, como 30% do adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais, além de pagamentos como adicional noturno e horas extras.
Sobre as ações da empresa para enfrentamento da pandemia, a federação relata que teve de acionar a Justiça para garantir aos empregados equipamentos de proteção individual, álcool em gel, testagem e afastamento daqueles integrantes de grupos de risco e dos que coabitam com crianças em idade escolar. A entidade afirma que se trata de estratégia para precarizar e privatizar a empresa.
“O governo Bolsonaro busca a qualquer custo vender um dos grandes patrimônios dos brasileiros, os Correios. Somos responsáveis por um dos serviços essenciais do País, que conta com lucro comprovado, e com áreas como atendimento ao e-commerce, que cresce vertiginosamente e funciona como importante meio para alavancar a economia”, disse o secretário geral da Fentect, José Rivaldo da Silva.
Negociação
Também por nota, os Correios informaram que, desde o início das negociações com as entidades sindicais, a estatal teve um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.
“Conforme amplamente divulgado, a diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período — dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida”, ressaltou a estatal, na nota.
Ainda de acordo com os Correios, diversas comunicações inverídicas e descontextualizadas foram veiculadas, com o intuito apenas de provocar confusão nos empregados acerca dos termos da proposta. Segundo a empresa, coube a ela trazer as reais informações ao seu efetivo: nenhum direito foi retirado, apenas foram adequados os benefícios que extrapolavam a CLT e outras legislações, de modo a alinhar a estatal ao que é praticado no mercado.
Os Correios afirmam que os trabalhadores continuam tendo acesso ao benefício do auxílio-creche, para dependentes com até 5 anos de idade. Os tíquetes refeição e alimentação, segundo a empresa, também continuam sendo pagos, conforme previsto na legislação que rege o tema, sendo as quantidades adequadas aos dias úteis no mês, de acordo com a jornada de cada empregado: 22 tíquetes para quem trabalha de segunda a sexta-feira e 26 tíquetes para os empregados que trabalham inclusive aos sábados ou domingos.
Ainda de acordo com a estatal, estão mantidos ainda — aos empregados das áreas de Distribuição/Coleta, Tratamento e Atendimento —, os respectivos adicionais.
Os Correios ressaltaram ainda que, dentre as medidas adotadas para proteger o efetivo durante a pandemia, a empresa redirecionou empregados classificados como grupo de risco para o trabalho remoto — bem como aqueles que coabitam com pessoas nessas condições —, sem qualquer perda salarial.
“Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos”, destacou.
Os Correios afiram ainda que um movimento paredista agrava ainda mais a debilitada situação econômica da estatal. “Diante deste cenário, a instituição confia no compromisso e responsabilidade de seus empregados com a sociedade e com o país, para trazer o mínimo de prejuízo possível para a população, especialmente neste momento de pandemia, em que a atuação dos Correios é ainda mais essencial para o Brasil”, finalizou a nota da empresa.
Com informações do Estadão Conteúdo