Economia

Crédito planejado: de vilão à solução

Nem sempre buscar o empréstimo de recursos financeiros é um passo arriscado. Quando feito com planejamento, o crédito pode viabilizar e alavancar os negócios.


A fama de vilão nem sempre é justa para a busca de crédito feita por empreendedores. Pelo contrário, toda ideia de negócio, em geral, só sai do papel ou é alavancada quando consegue algum tipo de financiamento para implantação ou ampliação. Esse entendimento errôneo, portanto, é consequência das tantas tomadas de empréstimos feitas sem planejamento e que acabam se tornando grandes dores de cabeça.

De acordo com a gerente da Unidade de Acesso a Serviços Financeiros do Sebrae/ES, Alline Zanoni Rodrigues Batista, não é necessário todo esse temor relacionado ao crédito, mas é muito importante agir a partir de um estudo minucioso. “O crédito sem planejamento compromete o fluxo de caixa, pois gera um pagamento mensal, muitas vezes alto e não previsto”, alerta.

Para evitar cair nesse tipo de armadilha, a dica é buscar orientação segura e imparcial sobre crédito, oferecida por exemplo pelo Sebrae/ES. Juntamente com um especialista, o primeiro passo será refletir sobre os motivos pelos quais se deseja tomar o financiamento. “Nesse momento, em muitos negócios, chega-se à conclusão de que o problema não é a falta de recurso financeiro, mas o baixo desempenho de vendas, a falta de divulgação dos produtos e serviços, o deficiente controle do fluxo de caixa, os custos fixos desnecessários, etc.”, pondera.

Segundo a gerente, o crédito é bem-vindo, por exemplo, quando é feito para a instalação do negócio, a alavancagem da produção ou das vendas a partir da compra de maquinário, e a geração de diferenciais que aumentem a competitividade. “Situações que fujam desse cenário devem acender um alerta vermelho para a decisão de tomar crédito”, comenta.

Por outro lado, demorar demais a agir e adiar muito a tomada de crédito também pode ser um risco. “Muitos empresários deixam para buscar o crédito quando já estão muito comprometimentos financeiramente, o que não é bom, pois não haverá mais fôlego nem para arcar com as parcelas mensais do empréstimo. A dica sempre é planejar-se a longo prazo”, explica.

A avaliação seguinte, segundo Alline, é qual a quantia necessária, incluindo os custos de implantação ou ampliação e o capital de giro. “O plano de negócios do empreendimento normalmente mostra esse tipo de informação, apontando o volume de recursos necessários”, orienta.

Com essas duas informações cruzadas, o tipo de crédito, se para capital de giro, para investimentos fixos ou até misto, e o montante necessário, já é possível elencar a formatação mais indicada para obter o recurso, se com instituições financeiras, bancos de fomentos, bancos comerciais, investidores, parentes, etc. Mas Alline ainda deixa mais alguns pontos de atenção:

– Mantenha o seu cadastro pessoal e da empresa sem restrições;

– Tenha garantias de pagamento para oferecer, como bens ou contratos formalizados com clientes;

– Negocie exaustivamente com o concedente do crédito para buscar as menores taxas de juros e os maiores prazos de pagamento. Procure primeiro a sua agência bancária, mas depois pesquise em outras e negocie até obter a proposta mais vantajosa;

– Pegue o crédito em nome da empresa (pessoa jurídica) para criar lastro com a instituição financeira, visando facilitar a tomada dos próximos empréstimos;

– Não assuma parcelas mensais sem ter segurança da capacidade de pagamento. Para isso, analise seu fluxo de caixa.

O Sebrae/ES possui capacitações e consultorias com orientações para o crédito e preparação para receber investidores. Todas podem ser conhecidas em www.es.sebrae.com.br. Capacitações on-line gratuitas, por exemplo, sobre “Como captar recursos para o seu negócio”, também estão disponíveis em www.ead.sebrae.com.br