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Criptos em Queda: Medo ou Oportunidade?

A chave é a educação, diversificação e um horizonte de investimento bem definido. Volatilidade não é sinônimo de risco, mas de oportunidade para quem sabe navegar no mercado.

Criptos: é preciso ter "estômago" para apostar no ativo
Criptos: é preciso ter "estômago" para apostar no ativo

Artigo escrito por Érico Colodeti Filho, especialista em investimentos pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Abima), especialista em criptomoedas pela Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord) e professor universitário

O mercado de criptomoedas iniciou 2025 com uma correção significativa. O Bitcoin (BTC), que chegou a US$ 113 mil no fim de 2024, variou entre US$ 93,5 mil e US$ 102,6 mil nos primeiros meses do ano.

Embora essa volatilidade assuste alguns investidores de criptos, históricos desde 2017 mostram que correções de 30% são comuns após ciclos de alta.

O Que Sustenta o Mercado?

A institucionalização segue firme. Empresas como a Strategy (ex-MicroStrategy) continuam apostando alto nas criptomoedas, com ofertas bilionárias para comprar mais BTC.

ETFs de Bitcoin, geridos por gigantes como BlackRock e Fidelity, atraem fluxos de investimento cada vez maiores, fortalecendo o setor de criptos.

O que provoca a volatilidade das criptos?

A recente queda tem três principais fatores:

Cenário Macroeconômico: Dados fortes de emprego nos EUA aumentaram a expectativa de juros mais altos pelo Fed (Banco Central Americano), reduzindo o apetite por ativos de risco, como as criptomoedas. O “índice do medo” (VIX) atingiu patamares críticos, impulsionando a migração para ativos mais seguros, como Títulos do Tesouro e stablecoins.

Movimentos Específicos: A venda de US$ 6,5 bilhões em BTC confiscados da Silk Road pelo governo dos EUA gerou receios de liquidez excessiva das criptos.

Regulamentação: A SEC (Equivalente a nossa Comissão de Valores Mobiliários – CVM) avança na análise de ETFs para XRP, enquanto multas milionárias, como a da KuCoin, mostram que compliance é essencial para amadurecer o setor de criptomoedas.

Estratégias para Diferentes Perfis

Para investidores de longo prazo, a correção pode ser uma chance de acumulação. Projeções de final de 2024 estimam o BTC em US$ 250 mil até dezembro de 2025, impulsionado pelo halving, adoção institucional e sua consolidação como reserva de valor.

Para investidores mais conservadores, estratégias defensivas são recomendadas, especialmente devido à volatilidade de altcoins, que registraram quedas superiores a 25% em janeiro.

Dicas Práticas:

Realização parcial de lucros: Aproveitar altas para consolidar ganhos, especialmente após notícias macroeconômicas relevantes.

Diversificação em stablecoins: USDT e USDC garantem estabilidade e podem ser usados como colateral em plataformas DeFi.

Exposição controlada: Manter uma alocação máxima de 5% do portfólio, conforme sugerem analistas da Nord Research.

O Papel da Diversificação

A diversificação é fundamental. Pesquisas indicam que projetos que unem blockchain e inteligência artificial devem crescer 200% em 2025. No setor DeFi, o volume transacionado pode atingir US$ 10 trilhões, com plataformas como Aave e Uniswap impulsionando essa evolução.

E a Regulação?

No Brasil, a Lei 14.478/2022 busca equilibrar inovação e proteção ao investidor. Globalmente, a integração das criptos ao sistema financeiro tradicional avança, reduzindo a volatilidade estrutural do mercado.

Mercado em Ajuste

A queda de 2025 não apaga o otimismo de 2024, mas redefine expectativas. Larry Fink, CEO da BlackRock, reforça a visão do BTC como “ouro digital”, enquanto o Ethereum avança na tokenização de ativos reais.

Quem deve se preocupar? Investidores alavancados e expostos a altcoins sem fundamentos. Quem pode se beneficiar? Quem compreende os ciclos do mercado. Como disse Edul Patel, CEO da Mudrex, esta correção é um “pit stop temporário” antes da próxima alta.

No fim, a chave é a educação, diversificação e um horizonte de investimento bem definido. Volatilidade não é sinônimo de risco, mas de oportunidade para quem sabe navegar no mercado.