Economia

Crise hídrica alerta famílias e empresas a utilizarem energias limpas e eficientes

A maior crise hídrica em 91 anos chama a atenção no Espírito Santo sobre a necessidade de investir em energias sustentáveis e mais baratas

Foto: Arquivo/Estadão Conteúdo
SP: com a falta de chuvas, o Sistema Cantareira pode terminar 2021 com 30% da capacidade

O Brasil passa pela pior crise hídrica em 91 anos, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A escassez de chuvas levantou o tema da eficiência energética nas empresas e nas residências.

No Espírito Santo, as chuvas vieram mal distribuídas. O Estado não passa por nenhum cenário de seca moderada ou grave, mas a energia elétrica que consumimos não é produzida em terras capixabas. Por isso, o impacto na conta de luz não é inerente às condições climáticas.

“Para o mês de junho, o indicador de seca mostrou que a metade do Norte do Estado e grande parte das regiões Serrana e Grande Vitória foram enquadradas dentro da normalidade. No entanto, grande parte da metade Sul do Estado enquadrou-se como moderadamente úmida”, afirma o coordenador de meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Hugo Ramos. (Saiba mais sobre a situação hídrica do ES logo abaixo).

O termo eficiência energética é utilizado quando se quer produzir mais utilizando menos energia elétrica. Uma medida cada vez mais necessária já que os recursos naturais fósseis estão cada vez mais exíguos.

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A crise hídrica não deixa apenas a conta de energia elétrica mais casa para as residências, mas também para as empresas que precisam se preparar para absorver os maiores custos e manter a produção.

“Esta é uma tendência e entendo que cada vez mais as indústrias investirão em geração própria para a produção. Existem certos tipos de produtos que têm um consumo muito elevado de energia e isso impacta diretamente no preço para o consumidor ou então no custo da indústria como um todo. Apesar de nem todas as empresas utilizarem esse recurso, acredito que é um caminho sem volta”, explica o engenheiro elétrico, João Olívio.

Foto: Divulgação/Suzano

Algumas companhias, entretanto, dão preferência para a energia renovável, como a Suzano, uma das maiores empresas produtoras de celulose do mundo e que tem fábrica em Aracruz, no Norte do Espírito Santo.

“O processo de beneficiamento da celulose gera, basicamente, dois subprodutos, que são a biomassa e a lignina. Eles possuem características combustíveis e são utilizados em caldeiras industriais. O uso desses combustíveis gera vapor de alta pressão e temperatura que é enviado para tubos que geram energia elétrica. Parte é utilizada na fábrica e o excedente é comercializado no mercado”, explica o gerente de recuperações e utilidade da Suzano, Giuliando Penitente.

Em 2020, 87,18% da matriz energética da Suzano foi proveniente de fontes renováveis. Além disso, a operação da produtora de celulose produz energia que é utilizada na empresa e até exporta energia. A meta da empresa é, até 2030, aumentar a exportação de energia renovável em 50%.

Veja como funciona a venda de energia da Suzano, por fontes renováveis:

Mapa do consumo

Quanto maior a potência, em watts, do equipamento, mais energia consome para que possa funcionar. O preço final também varia de acordo com o número de horas em que o produto ficou ligado. 

No Espírito Santo, o preço do quilowatt-hora (kWh) é R$ 0,557, desconsiderando os impostos e as bandeiras tarifárias.

As empresas não funcionam muito diferente das nossas casas, mas possuem maior capacidade de produção e consumo de energia. Pensando no planeta e na economia, algumas investem em energias limpas e sustentáveis. A Suzano, por exemplo, utiliza a biomassa como fonte de energia.

Foto: Divulgação/Suzano
Suzano produz energia renovável e vende o excedente 

“Nas unidades industriais, a empresa utiliza majoritariamente a biomassa do eucalipto – como cascas, resíduos de madeira e licor negro, entre outros – como fonte própria para geração de energia. Além disso, sucessivos projetos foram realizados para substituir o uso de combustíveis fósseis, como óleos, por alternativas menos intensivas em emissões, como o gás natural, ou, até mesmo, por combustíveis renováveis, como o caso da biomassa e do licor negro”, completa Penitente.

A importância da eficiência energética para empresas e residências:


Como ter mais eficiência energética em casa

>> Para saber qual é a eficiência energética de cada equipamento, acesse o site do Inmetro.

A situação hídrica do ES

Foto: Reprodução/Incaper

De um modo geral, o Espírito Santo não passa por uma situação de seca moderada, grave ou extrema. 

As chuvas mal distribuídas deixaram algumas regiões do Estado com precipitações 50% abaixo da média histórica, enquanto em outras áreas, choveu entre 25% e 50% acima da média.

“No mês de junho, a precipitação média do Estado observada não passou dos 30 mm, representando cerca de 50% abaixo da chuva esperada de acordo com a média histórica. Os maiores acumulados de chuva registrados no mês concentraram-se no trecho sudeste do Estado com volume de 45 mm a 90 mm, representando em torno de 25% a 50% acima dessa média”,  afirma o coordenador de meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Hugo Ramos.

Os dados mais atualizados do Monitor de Secas, da Agência Nacional de Águas (ANA), mostra que a maior parte do Espírito Santo está enquadrada na classificação de “seca fraca”, enquanto o restante está “sem seca relativa”. Veja no quadro acima. 

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