Economia

Crise na pandemia faz bares e restaurantes demitirem 1 milhão e fechar 20% dos estabelecimentos

Segundo economista, os restaurantes fazem parte do setor de serviços que mais devem demorar para se recuperar após a crise da pandemia. Os efeitos poderão durar, em média de 8 a 10 meses, ou seja, se estenderão até 2021

Foto: Divulgação / Pexel

Desde o início da quarentena para enfrentar o avanço do coronavírus no país, as associações que representam o setor de bares e restaurantes, não conseguiram evitar demissões, e ao menos 1 milhão de empregos formais já foram extintos.

São 20% dos bares e restaurantes do país que fecharam as portas em definitivo, segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). O setor reunia até março quase 1 milhão de pontos comerciais e empregava cerca de 6 milhões de trabalhadores, sendo 3 milhões de empregos formais.

A Associação Nacional dos Restaurantes, que tem 9 mil pontos comerciais no Brasil associados, aponta em pesquisa que 76,11% dos restaurantes já precisaram demitir desde o início da crise.

“Estamos enfrentando uma crise sem precedentes. Os estabelecimentos estão fechados, sem capital de giro e com muitas dúvidas sobre a questão da reabertura. Além disso, nosso setor é formado por muitas pequenas e médias empresas, que possuem pouco acesso ao crédito”, afirma Cristiano Melles, presidente da ANR.

Salários de maio

Donos de restaurantes e bares afirmaram que tiveram que  recorrer ao acordo previsto pela MP dos Salários, para o pagamento das contas em maio. A medida provisória autorizou suspensão de contratos ou redução de jornada e salários, com compensação paga pelo governo federal, para o enfrentamento da crise econômica trazida pela pandemia de covid-19.

Em um levantamento feito pela ANR, 75,89% dos empresários afirmaram que iriam usar esse acordo para a folha de pagamento do mês de maio. Já 14,29% iriam buscar crédito para o pagamento das contas. Apenas 9,82% afirmaram que pagariam normalmente os salários de maio. Em março, o índice dos que conseguiram pagar 100% da folha de pagamento havia sido de 76,99%.

Além de demissões, o porcentual dos restaurantes que também encerraram as atividades definitivamente chegou a 11,6%, segundo pesquisa da ANR.

Para 78,57% dos empresários entrevistados, eles vão conseguir manter o seu negócio após a pandemia. Perguntados sobre o faturamento, 65% afirmaram ter registrado queda acima de 70%. No ano passado, o faturamento dos restaurantes brasileiros somou R$ 400 bilhões.

O delivery era uma prática normal para 59,29%, mas 40,71% dos estabelecimentos tiveram que se adaptar, pois não trabalhavam com sistema. Só 12,73% conseguiriam manter o negócio com portas fechadas e só delivery por mais de dois meses.

Dificuldade na retomada

Vários restaurantes também estão  apostando em drive-thru, medida antes comum apenas em lanchonetes de fast-food. Outra inovação adotadas por bares e restaurantes foi a venda de créditos antecipados. Os vouchers poderão ser usados como desconto na conta do cliente quando o isolamento social acabar e os comércios reabrirem.

Segundo o economista Rodolpho Tobler, esses setores  deverão encontrar dificuldade até mesmo na retomada da economia. Os restaurantes fazem parte do setor de serviços que mais devem demorar para se recuperar após a crise da pandemia. Os efeitos poderão durar, em média de 8 a 10 meses, ou seja, se estenderão até 2021.

Tobler afirma que a alimentação fora de casa, assim como viagem, hotel, cabeleireiro, por exemplo, não tem uma compensação, não tem como estocar, não tem como recuperar. “A pessoa não vai duas vezes cortar o cabelo ou ao restaurante porque deixou de fazer durante a pandemia”, explica Tobler.

É o setor com previsão mais pessimista para a duração dos problemas, incluindo o período de impacto direto e o tempo necessário para os negócios se recuperarem após, como mostrou um recorte especial das pesquisas de confiança da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgado na semana passada.

Com informações do Portal R7