Economia

Crise pode favorecer micro e pequenas empresas no Espírito Santo, diz Aderes

Ao contrário do que disseram empresários dos setores à pesquisa da SPC Brasil, a presidente da Aderes, Lúcia Dornelas, considera o momento de instabilidade beneficia o empreendedorismo

Micro e pequenas empresas podem se beneficiar com a crise, diz Aderes Foto: ​TV Vitória

Ao contrário do que apontou a opinião dos empresários em uma pesquisa nacional realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) sobre o perfil das micro e pequenas empresas do País, a presidente da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas (Aderes) capixaba, Lúcia Dornelas, considera o momento de instabilidade da economia favorece o empreendedorismo.

“A crise econômica é benéfica ao surgimento e fortalecimento das micro e pequenas empresas, pois quando o mercado de trabalho oscila é que as pessoas se encorajam para se lançar ao empreendedorismo”, explica a presidente da Aderes. No estudo, divulgado no início dessa semana, 32% dos entrevistados afirmou que a principal dificuldade enfrentada para a manutenção e o crescimento de suas empresas é o cenário político-econômico.

Lúcia também rebateu ao dado apresentado na pesquisa de que apenas 9% das micro e pequenas empresas pretende contratar nos próximos três meses e 15% delas irão realizar demissões. “Os dados computados em todo o Brasil mostram que, nos primeiros quatro meses do ano, o número de empregos nesse tipo de negócio aumentou”, comenta.

Perfil do micro e pequeno empresário 

De acordo com os dados, a pesquisa traçou a representação do empresário desse mercado. O perfil predominante do gestor de micro e pequenas empresas é do sexo masculino, de 35 a 54 anos; 36,4% possui nível médio e 31,1% superior completo, com renda familiar entre 5 e 10 salários mínimos.

O estudo mostrou também que, mesmo se tornando pessoa jurídica, os empresários misturam finanças pessoais com as de seu negócio: ainda que 94% das empresas possuam conta jurídica em banco, 22% dos empresários não fazem a administração dos recursos pessoais e da empresa de forma separada. 

O alto número de entrevistados que utilizam o cartão de crédito (17%) e o cheque especial (13,9%) – formas comuns de se obter crédito usadas pelas pessoas físicas – como capital de giro também demonstram a confusão. “Existem outras linhas de financiamento muito mais aderentes ao negócio e que servem para os micro e pequenos empresários investirem em seus negócios”, finaliza Lúcia Dornelas.

Estudo 

A pesquisa foi realizada com 800 micro e pequenos empresários em todos os Estados brasileiros. As empresas estudadas possuíam mais de um funcionário, com faturamento médio anual de R$ 439 mil e mensal de R$ 36,5 mil, dos setores alimentícios, vestuário, materiais de construção e móveis e decoração, serviços financeiros, tecnologia e informática, transportes, e da área da saúde.