Maio 2021
22
Luan Sperandio
DATA BUSINESS

porLuan Sperandio

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porLuan Sperandio

Como transformar ouro negro em desenvolvimento?

Na última semana, noticiamos o lançamento de uma chamada pública com o intuito de atrair gestoras que serão responsáveis pelo Fundo de Investimento em Participação (FIP) para alocação de recursos em economia real. O FIP contará inicialmente com R$ 250 milhões.

Há ainda um fundo administrado pelo Banestes cujos recursos são investidos no mercado financeiro, com o FIP sendo a segunda iniciativa do Funses, que ainda planeja o lançamento de outras no futuro.

As boas práticas internacionais

Alguns países optaram por aplicar recursos públicos em economia real com foco em setores como o de alta tecnologia ou em estágios iniciais de empresas promissoras, como pretende o FIP do governo do ES. Apesar das particularidades de cada local, o objetivo era similar: auxiliar o progresso e promover esse mercado relativamente jovem em nações emergentes. Alguns exemplos partem de Singapura, Kuwait, Coreia do Sul e da cidade de Abu Dhabi. Nessa seleção, o principal meio para realização desses investimentos é um fundo soberano.

Vale lembrar que, quando falamos de ativos em economia real, dois fatores devem ser levados em conta. Inicialmente, o retorno desses investimentos tende a ser superior à média das aplicações em opções convencionais do mercado financeiro, mas, em contrapartida, pode haver um maior nível de risco ou menor liquidez. Mesmo assim, esse segmento é fundamental para o desenvolvimento econômico e sua maturidade é visível nos mercados mais desenvolvidos do mundo e, por isso, algumas economias emergentes desejam dar suporte ao setor.

Nesse contexto, os casos de maior êxito são o sul-coreano e singapurense, por meio de seus respectivos fundos, o Korean Investment Corporation (KIC), criado em 2005 e com cerca de US$ 170 bilhões em ativos gerenciados, e o Government of Singapore Investment Corporation (GIC), criado em 1981 e com mais de US$ 450 bilhões de ativos sob gestão, segundo o Sovereign Wealth Fund Institute (SWFI). Além disso, os fundos do Kuwait e de Abu Dhabi gerenciam, em ordem, US$ 534 bilhões e US$ 650 bilhões.

Os fundamentos básicos

Em linhas gerais, para que essas ações tenham a chance de triunfar e contar com o apoio popular e do setor privado, há alguns “requisitos” a serem cumpridos. É o que aponta estudo publicado na revista internacional de ciências sociais, Social Science Research Network (SSRN). Primeiramente, os aportes realizados devem seguir critérios e performance esperados de um investimento privado. Além disso, a transparência e boas práticas de governança são indispensáveis.

Nesse contexto, há um dilema entre conciliar os interesses públicos com a lógica do mercado privado. Isso porque, para atingir o objetivo da política, o governo deve estar de acordo com seus sócios no negócio, ou seja, representantes dessas empresas que não estão sob seu controle. Assim, a política pode se tornar de difícil articulação se não estiver efetivamente blindada — e este é o principal fator de de sucesso ou fracasso de um fundo soberano.

O edital para a chamada pública está aberto e deve se encerrar até o dia 16 de julho. Ele estipula uma base de premissas adequada nesse sentido, mas nesta espécie de operação os detalhes importam em demasia porque geram consequências de médio e longo prazo, e eles somente serão definidos a partir da proposta da gestora escolhida.

Diante da relevância do tema para o futuro do Espírito Santo, a Data Business tem acompanhado com atenção o desenrolar dos eventos e os analisará ao longo das próximas semanas.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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