Nestlé e Garoto: 19 anos de história e nada resolvido
Na semana do orgulho LGBT, a coluna traz estudos que mostram que questões de inclusão de grupos na sociedade ajudam no desenvolvimento econômico. Nesse sentido, há uma relação positiva entre a inclusão da população LGBT e o desenvolvimento econômico nos países emergentes.
No Brasil a população LGBT possui reconhecimento de liberdades civis, como o casamento civil entre casais homoafetivos. Porém, em diversos países do globo garantias básicas são negligenciadas pelo ordenamento jurídico.
Atualmente, há 76 nações consideradas hostis à pessoas que pertencem à comunidade LGBT. Nesse sentido, os preconceitos e discriminações acabam se transformando em políticas de estado graças à força e ao aparato estatal. A maioria deles encontram-se na África e no Oriente Médio, no entanto, há países com legislações homofóbicas em todos os continentes. E as penas contra gays são as mais variadas, incluindo desde multas até execuções brutais por apedrejamento ou enforcamento.
Todo esse cenário resulta em impactos sociais e econômicos negativos. O estudo “The Relation Between LGBT Inclusion and Economic Development: Emerging Economies” concluiu que a inclusão de direitos individuais da população LGBT ajuda no desenvolvimento econômico. Os pesquisadores da Universidade da Califórnia analisaram questões de inclusão e o nível de desenvolvimento em 39 nações emergentes.
Nesse sentido, a inclusão é definida como “a capacidade de viver a vida com escolhas próprias”, isto é, um direito humano básico. Em regiões em que há restrições a liberdades dos homossexuais acabam também por gerar impactos negativos no desenvolvimento econômico.
Entre as conclusões gerais, o público LGBT lida com taxas desproporcionais de violência física, psicológica e estrutural, o que pode afastá-los de ambientes de trabalho devido a lesões físicas ou mentais. Esse cenário acaba por prejudicá-los economicamente.
Ou seja, as discriminações podem atrapalhar a produtividade desse grupo, havendo perdas de oportunidades de trabalho para LGBTs decorrentes de discriminação, o que faz com que essa parcela da população tenha perdas de potencial de capital humano.
Ainda em relação ao capital humano, estudantes LGBT podem ter a aprendizagem atrapalhada em virtude da discriminação, até mesmo aumentando taxas de evasão escolar.
Outra conclusão evidenciada é que há uma correlação positiva entre desenvolvimento econômico e garantia de direitos para LGBTs nos países da amostra. O Índice Global de Reconhecimento Legal de Orientação Homossexual (GILRHO, na sigla em inglês) é um índice que considera questões de inclusão para o público homoafetivo, havendo um acréscimo de até 1.400 dólares per capita a mais no PIB quando analisado um cenário de igualdade de direitos em comparação a um país sem liberdades civis para essa parcela da população.
Ou seja, países que garantem a inserção institucional de todos os indivíduos tendem a apresentar maior nível de renda per capita e de bem-estar.
Há países em que amar uma pessoa do mesmo sexo pode significar levar chicotadas, ser exilado ou mesmo ser condenado à morte. O século XXI chegou, mas ainda há 4 países do mundo cujas legislações permitem que transgêneros sejam condenados por apedrejamento até a morte pelo simples fato de serem os indivíduos que são e quererem viver como tal.
Pelo fato da Data Business se tratar de uma coluna focada em cenário político e econômico, destacamos nesta coluna como questões básicas e simples, como direitos humanos a todos os indivíduos de uma população, podem impactar positivamente o ambiente econômico.
Contudo, a despeito de haver evidências de que um ambiente institucional que trate todos da mesma forma perante à lei resulte em benefícios econômicos virtuosos, vale explicitar que o respeito ao próximo não se trata de uma questão econômica, mas de algo mais basilar: liberdade individual.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória