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Sem dúvidas, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, é um dos maiores jogadores de futebol e esportistas da história. Um dos maiores goleadores da história, com a conquista de três Copas do Mundo, dois Mundiais de Clubes, duas Libertadores da América, além de uma dezenas de campeonatos, torneios e taças nacionais e internacionais, certamente seria um dos jogadores mais bem pagos hoje. Entretanto, o seu salário de 2 milhões de cruzeiros por mês, representaria cerca de R$ 80 mil atualmente, bem menos do que jogadores hoje que nem sequer são as estrelas de seus times.
O que explica isso?
Ao observar essa quantia, aparentemente o salário do “Rei do futebol” parece ser pouco expressivo quando comparado aos jogadores modernos. Lionel Messi, por exemplo, seis vezes ganhador da bola de ouro, recebe cerca de US$ 126 milhões por ano. Ainda, o volante Márcio Araújo, muito criticado pela torcida do Flamengo antes de sair do time em 2018, chegou a negociar um salário de cerca de R$ 160 mil mensais. Mas isso não significa que Pelé ganhava pouco em comparação à sua época, o número baixo para os padrões atuais apenas refletem como o mercado do futebol até os anos 1970 era pouco desenvolvido.
“Proporcionalmente, grandes nomes de suas respectivas épocas, como Leônidas da Silva na década de 1930, Pelé em seu tempo e depois Sócrates, ganhavam muito acima da média. O que vivenciamos hoje é um mercado muito maior. Antigamente, o futebol se baseava muito mais ‘no bicho’ e nas bilheterias. Hoje, os patrocínios e direitos de transmissão influenciam na receita tanto dos clubes quanto na remuneração de jogadores”, afirma Rodrigo Capelo, jornalista especializado em negócios do esporte e autor do livro “O futebol como ele é”.
“Isso não significa que o bicho não tenha mais influência na remuneração dos jogadores. A diferença é que hoje eles já estão nos próprios contratos como bônus variável por performance em campo e gols marcados, por exemplo”, ressalta.
Segundo apuração da revista Forbes junto a analistas financeiros especialistas em esportes, se jogasse hoje na Europa, Pelé receberia cerca de US$ 223 milhões de dólares por ano, ou seja, mais de R$ 1 bilhão incluindo salário, patrocínio e direito de imagem. Ainda, o valor da multa rescisória giraria em torno de US$ 300 milhões, comparável a maior negociação da história, a compra de Neymar pelo PSG.
A principal razão para essa diferença é o desenvolvimento do mercado esportivo. Com a maior presença de patrocinadores, direitos de transmissão e de imagem, os clubes progrediram como empresas que expandem determinados segmentos.
No passado, um jogo de Pelé raramente era acompanhado por mais de 30 mil pessoas na Vila Belmiro. Hoje, há determinadas partidas de estrelas como Cristiano Ronaldo com audiências globais que superam 100 milhões de pessoas. Naturalmente, os salários, premiações e ganhos de imagem são muito superiores.
“O futebol sempre foi um negócio. Na prática, desde a época de Pelé, nunca foi apenas questão de amor. A diferença em relação aos dias atuais é o volume de dinheiro movimentado, mas ainda assim, esse é um ambiente para realizar negócios”, ressalta Capelo. Alguns dos gigantes europeus, como o Manchester United, Juventus e Borussia Dortmund, inclusive, são listados em bolsa.
A partir desse fenômeno, os jogadores também tendem a ganhar mais em termos de remuneração. Dessa forma, Pelé não ganhava pouco: o mercado que se desenvolveu exponencialmente ao longo dos anos. E o rei, vale dizer, é um dos responsáveis por isso.
A lição que o futebol ensina para outros segmentos de mercado é simples: o desenvolvimento de um setor beneficia todos os players do mercado, clientes, empresas e seus trabalhadores.
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