Proposta de reforma tributária gera incertezas e adia novos negócios
Nos últimos meses, as pesquisas eleitorais voltaram ao foco dos brasileiros. Isso porque as eleições de 2022 estão cada vez mais próximas e a corrida eleitoral já começou. Contudo, com resultados distintos do que de fato ocorreu em eventos recentes, os principais levantamentos do país vem sofrendo uma crise de confiabilidade nos últimos anos.
Nesse sentido, o que ficar de olho para compreender sobre a confiabilidade de uma pesquisa eleitoral??
Em 2018, os principais presidenciáveis por intenção de votos eram Jair Bolsonaro (na época do PSL), Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), mas muitos projetavam o cenário em que Bolsonaro não conseguiria chegar ao segundo turno ou mesmo sagrar-se vencedor caso estivesse nele. Ainda, nos Estados Unidos em 2016, grandes instituições chegaram a apontar que Hillary Clinton teria entre 80% a 90% de chance de derrotar Donald Trump no pleito, o que também não se concretizou.
Nesse contexto, institutos foram colocados em cheque por boa parte do eleitorado e do debate público. E, nesse sentido, a metodologia adotada é o principal fator que influencia nas previsões equivocadas.
“Basicamente, todos os levantamentos estão sujeitos a volatilidade. Muitos votantes mudam suas intenções em cima da hora por fluxo de novas informações ou mesmo espontaneamente, especialmente agora com as redes sociais, em que há rápidos movimentos de voto útil poucos dias antes do pleito. Com isso, muitos institutos acabam não capturando esses movimentos, desencadeando em um resultado não compatível com a realidade”, afirma Andrei Roman, CEO da Atlas Intelligence.
Ele defende a essencialidade de realizar ajustes na amostra de entrevistados para capturar vieses nas respostas. “Recentemente, percebeu-se que alguns grupos que votam por certos candidatos têm menor tendência de declarar voto, como no caso de eleitores moderados diante de um candidato considerado impopular, por exemplo”, ressalta.
Em geral, para que os resultados sejam mais precisos, o ideal é contar com amostras de entrevistados tão aleatórias quanto possível. Por isso, a metodologia das pesquisas é alvo de debates, entre os que defendem os chamados critérios de estratificação, considerando raça, gênero, idade, renda, região, como as pesquisas brasileiras e os que acreditam que os levantamentos não deveriam separar por grupos.
Alguns institutos de pesquisa, que mostram o candidato Lula muito mais a frente nas intenções de voto do que Bolsonaro, tem sido questionados pela amostra, já que há uma super-representação do eleitorado com até dois salários mínimos de renda, sendo que este tende a votar mais em Lula.
Além disso, as formas de coleta de respostas também é questionada, dado que, hoje, elas podem ser coletadas por telefone, internet ou mesmo presencialmente. “Não necessariamente existe uma metodologia superior. Mas vale destacar que calibrar a amostra em relação a porcentagem de não respondidos é essencial. Também a coleta presencial possui alguns desafios, principalmente em cenários polarizados, em que um pesquisador, e não uma interface com perguntas pré-definidas, pode influenciar na resposta”, destaca.
“Por fim, é importante levar em conta as mudanças que vêm influenciando nas decisões do eleitorado. Hoje, a TV ainda possui influência, mas as redes sociais ganham cada vez mais espaço. Isso proporciona o conhecimento de candidatos até então ignorados e de um fluxo maior de informações, o que pode definir na escolha do eleitor”, finaliza Roman.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória