Jul 2021
21
Luan Sperandio
DATA BUSINESS

porLuan Sperandio

Jul 2021
21
Luan Sperandio
DATA BUSINESS

porLuan Sperandio

Os Correios e a imunidade tributária

Em 2013 o Supremo Tribunal Federal decidiu que os serviços prestados pelos Correios, inclusive aqueles em que a empresa não age em regime de monopólio, estão abrangidos pela imunidade tributária recíproca. Em 2014, também foi decidido que “não incide o ICMS sobre o serviço de transporte de encomendas” e que o privilégio tributário também inclui o IPTU sobre imóveis de sua propriedade e por ela utilizados.

Na prática, isso significa que a estatal não precisa recolher nenhum imposto relacionado à prestação de seus serviços, incluindo os que não fazem parte de sua atividade-fim — a entrega de cartas.

A razão para os Correios terem imunidade tributária é garantir o acesso a toda a população brasileira daquele serviço, e seus efeitos foram ampliados para todos os atos dos Correios porque a corte entendeu que se trata de uma instituição importante para a disseminação da cultura de comunicação.

O resultado é uma economia à estatal da ordem anual de R$ 1,6 bilhão, um valor que supera todo o lucro líquido reportado em 2020.

Na prática, diante da liberação dos encargos tributários, há diminuição do risco da atividade empresarial, com uma das consequências possíveis de disfarçar eventuais ineficiências da estatal.

Se não houvesse imunidade tributária total, a tendência é que os preços dos produtos ofertados fossem diferentes, o que também poderia afetar a demanda e o próprio resultado da empresa.

Além disso, embora os Correios tenham monopólio para a exploração dos serviços postais e de telegrama, diversas ações de seu portfólio estão abertas à concorrência, criando uma desvantagem competitiva, o que é injusto com outras empresas do segmento.

Vale lembrar que, apesar dos últimos dois balanços dos Correios, entre 2015 e 2018 os Correios acumulam rombo de R$ 5,5 bilhões, sendo marcado por corrupção, uso político e problemas operacionais.

Como está a privatização dos Correios?

O projeto de lei 591/21, que está tramitando na Câmara dos Deputados, autoriza a exploração de serviços postais pela iniciativa privada, e é considerada o ponto de partida legislativo para viabilizar a privatização dos Correios.

Vale dizer que trata-se de uma pauta complexa, e que depende de acordos ainda entre o texto e líderes partidários. O relator da matéria é o deputado Gil Cutrim (Republicanos-MA), e a expectativa é que a pauta avance no segundo semestre, após o recesso legislativo que se encerra ao final de julho, com a apresentação do relatório.

“O projeto tem tudo para avançar. Mesmo com a crescente dos lucros, acreditamos que a empresa pode melhorar em muito sua atuação no mercado nacional, recebendo investimentos e expandindo sua atuação, em benefício de toda sociedade”, afirmou em entrevista à coluna.

Veja também

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

Pular para a barra de ferramentas