Jul 2021
22
Luan Sperandio
DATA BUSINESS

porLuan Sperandio

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porLuan Sperandio

Desgaste facilita o jogo para o Centrão

Apesar da retórica anti-sistema ao longo das eleições de 2018 e no primeiro ano de governo, o presidente Jair Bolsonaro se rendeu ao Centrão. Primeiro, a partir de acordos para criar uma base um pouco mais estável no Congresso, o que ocorreu ao longo de 2020 e neste primeiro semestre de 2021, culminando nas eleições de Arthur Lira na presidência da Câmara e de Rodrigo Pacheco na presidência do Senado.

Independentemente da retórica, não é possível no Brasil governar sem apoio da maioria dos parlamentares que compõe o bloco conhecido como Centrão. E, diante da queda de popularidade e dos desafios que o governo enfrentará até o final do ano, como a CPI da Pandemia, a gestão da pandemia e o alto desemprego, os movimentos anunciados revelam uma preocupação.

Na prática,  as mudanças representam uma rendição do governo ao Centrão, que passa a ter controle da agenda do governo, assumindo tanto as maiorias do congresso quanto a relação entre o executivo e o legislativo.

Ao Centrão, interessa um governo mais fraco e dependente. Ao presidente, manter-se no jogo e viável eleitoralmente para 2022.

As peças do tabuleiro que podem auxiliar Bolsonaro são, justamente, a retomada econômica, com a consequente geração de empregos e o sucesso da vacinação. Governo pode apostar ainda em um novo programa de transferência de renda, que remodele o Bolsa Família.

As lições a aprender com esta reforma ministerial

No passado, Ciro Nogueira foi um forte crítico de Jair Bolsonaro, hoje é seu aliado. Uma das lições é que alianças e apoios na política são conveniências de momento, sendo natural haver brigas e reconciliações.

Outra lição do reforço do Centrão é que parlamentares já ocupam cinco pastas: Agricutura, Secretaria geral, Cidadania e Secretaria de governo, e agora Casa Civil.

Já o Ministério da Economia perde força com a recriação do Ministério do Trabalho. Os olhos do mercado se preocupam com a continuidade de Guedes no governo, mas Paulo Guedes segue prestigiado, tendo sido explicitado que houve um acordo prévio com ele. A questão é se, com menos poderes, o ímpeto do economista diminui em ficar em eventual segundo governo de Bolsonaro.

Ideologias a parte, é natural que haja acordos entre parlamentares e o governo de ocasião. No Brasil, o sistema que vigora é o de presidencialismo de poder compartilhado. Independente de quem estiver na cadeira presidencial em 2023 ou de sua retórica, o Centrão também estará próximo de quem estiver lá, pois sem ele não há governabilidade.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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