Messi de saída: o que o Barcelona pode ensinar ao Brasil?
No 3º Encontro Folha Business, a postura considerada pouco institucional por parte do presidente Jair Bolsonaro foi muito criticada por parte dos parlamentares presentes no evento: Tiago Mitraud (NOVO/MG), Felipe Rigoni (Sem Partido/ES) e pelo vice-presidente da Câmara Marcelo Ramos (PL/AM).
O alvo? As declarações de supostas fraudes nas urnas sem apresentação de provas. O tom de Bolsonaro contrariou, inclusive, aliados, como Ciro Nogueira, que assumiu oficialmente a Casa Civil do governo nesta semana e pediu que o presidente moderasse o tom.
As falas do presidente, no entanto, ecoam e geram consequências, tanto no mercado financeiro quanto no próprio mundo político, prejudicando o próprio presidente.
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Há um embate entre o poder Executivo e Judiciário acontecendo, com Bolsonaro sendo alvo de sete investigações no TSE e no STF. Nesta semana, com o presidente não recuando em relação às acusações de fraudes ao sistema eleitoral, o Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes acolheu notícia crime aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral e incluiu Jair Bolsonaro como investigado no inquérito das fake news.
Além disso, avançou o inquérito na corregedoria do TSE contra o presidente que apura eventuais ilícitos eleitorais cometidos por ele em reiteradas declarações contra a confiabilidade do sistema eleitoral. Por fim, o presidente do STF Luiz Fux reagiu aos ataques do presidente ao STF e cancelou a reunião entre os chefes de poderes.
Tudo isso com a agenda de reformas avançando. A quinta-feira (5), foi um dia de vitórias do governo no Congresso, com a aprovação da Lei do Ambiente de Negócios e do PL dos Correios, que viabiliza a privatização da estatal.
Ou seja, ao invés de colher os louros de uma agenda positiva conquistada pelo governo, houve consternação de aliados do próprio governo, e um dia recheado de críticas à narrativa de Bolsonaro.
Outra consequência da tensão política foi manifestada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), que nesta sexta-feira (6) afirmou haver preocupação de que a tensão política possa impactar na agenda econômica, que vem caminhando no Congresso.
Entre possíveis dificuldades, o custo de nomeação de André Mendonça ao STF pode aumentar e a sabatina não ser tão tranquila.
O CEO da Arko Advice Murillo de Aragão acredita que se não houver uma sinalização de apaziguamento institucional, os ânimos em Brasília podem piorar e prejudicar o presidente.
“Até quarta, por exemplo, ninguém nem pensava em saída do presidente, mas diante do tom do presidente, alguns atores começaram a cogitar a ideia”, diz.
Lira afirmou na sexta: “O botão amarelo continua apertado. Segue com a pressão do meu dedo. Estou atento. 24 horas atento. Todo tempo é tempo”. O recado é claro: o botão amarelo é o início do processo de impeachment.
Apesar da fala, Murillo não acredita que eventual processo de impeachment prosperará, mas que se o clima prosseguir nesse ritmo, haverá maior tumulto institucional, com desânimo dentro da base de sustentação do governo e possível queda de popularidade entre setores que votaram em Bolsonaro em 2018, que podem motivar a busca por outra candidatura.
Assim, uma outra possível consequência é haver um ânimo maior entre as forças políticas na busca por uma terceira via. Se Bolsonaro for visto como inviável, esta poderia se consolidar como alternativa, algo que até o momento ainda não é o cenário base.
Por fim, o mercado gosta de previsibilidade. Declarações controversas de forças políticas geram o oposto, causando volatilidade e estresses.
Faria bem aos próprios planos de Bolsonaro se o presidente seguisse o conselho de Ciro Nogueira e demais aliados, diminuindo as tensões políticas. Isso significa buscar maior diálogo entre os poderes e focando na agenda de reformas, na construção de um novo programa social e na retomada econômica. Além de evitar um suicídio político, beneficiaria os brasileiros e suas chances eleitorais de reeleição aumentariam.
Obviamente, isso não significa que o presidente não possa falar nada, o título da coluna é apenas uma metáfora. Mas significa parar de fabricar polêmicas que não levarão seu governo a lugar algum. Evitar o extraordinário e buscar o ordinário faz bem, presidente!
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória