Quais os estados mais liberais economicamente do Brasil?
Com o fortalecimento do poder Legislativo no Brasil na última década, a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal se tornou um dos principais palcos da política brasileira, pois passou a influenciar toda a agenda do que pode avançar no Congresso Nacional.
Na semana passada, o deputado Arthur Lira (PP/AL), presidente da Câmara dos Deputados, deu um passo neste tabuleiro ao sinalizar apoio a Hugo Motta, do Republicanos, como seu candidato à sucessão no comando da Casa, em detrimento a Elmar Nascimento (União/BA). Houve uma reunião com líderes de diversos partidos, incluindo nomes influentes como Altineu Côrtes (PL/RJ), Doutor Luizinho (PP/RJ) e Isnaldo Bulhões (MDB/AL) que indica a movimentação. Essa articulação é uma jogada estratégica de Lira, que busca consolidar sua influência e garantir que a sucessão aconteça em termos favoráveis ao seu grupo político.
O apoio de Lira a Hugo Motta é surpreendente, especialmente porque, até julho deste ano, o nome que mais agradava ao atual presidente da Câmara era o de Elmar Nascimento, deputado baiano do União Brasil e líder do maior bloco parlamentar da Casa. Contudo, a retirada de Marcos Pereira (Republicanos/SP) da disputa pela sucessão mudou o cenário. Com isso, Motta passou a ser visto como o principal nome para suceder Lira, um movimento que reflete a fragmentação do centrão e a necessidade de articulações mais complexas para garantir a vitória.
A aproximação de Lira a Motta não é apenas uma questão de preferência pessoal, mas uma estratégia política ampla. Hugo Motta, ao herdar o espaço deixado por Marcos Pereira, traz consigo uma base sólida de apoio dentro do Republicanos e, com o apoio do PP, ganha ainda mais força. No entanto, a corrida está longe de ser simples. A fragmentação dentro do centrão abriu espaço para outras alianças, como a articulação entre Antônio Brito (PSD/BA) e Elmar Nascimento, que já estavam na disputa antes, mas em lados opostos. A aliança entre esses dois nomes busca apresentar uma alternativa de centro, desafiando o grupo de Lira, Ciro Nogueira (PP) e o próprio Motta.
Brito e Nascimento devem abalhar para angariar apoio de partidos como PDT, PSB, PSDB, Cidadania, Avante e Solidariedade. Se bem-sucedidos, essa aliança pode reunir mais de 150 deputados, criando uma base de oposição ao grupo de Lira. A disputa, portanto, não se limita apenas a uma batalha entre nomes, mas envolve também uma série de acordos e negociações que podem definir o equilíbrio de forças na Câmara no restante da atual legislatura (2023-2027).
Além das articulações entre os grupos de Lira e Nascimento, as eleições municipais de outubro serão um fator externo de influência no certame. Tanto o PSD quanto o União Brasil veem as eleições como uma oportunidade para se fortalecerem e melhorarem suas posições nas negociações pela presidência da Câmara. O desempenho nas prefeituras pode, inclusive, reconfigurar as alianças e mudar os rumos da disputa. O PSD, por exemplo, aposta que sairá fortalecido das eleições e, assim, terá uma posição mais privilegiada nas conversas com o Planalto. Enquanto isso, o União Brasil lidera o ranking de candidaturas competitivas em municípios com mais de 200 mil habitantes, com 12 nomes, empatando com o PL, o que pode ser um trunfo importante para fortalecer a candidatura de Nascimento.
O MDB, que tradicionalmente tem uma forte presença nas prefeituras, é outro ator importante nesse jogo. Com o maior número de candidatos a prefeito em todo o Brasil, o partido pode influenciar diretamente a sucessão na Câmara, dependendo de seu desempenho nas urnas. Caso o MDB mantenha sua liderança nas prefeituras, a candidatura de Isnaldo Bulhões, líder da bancada na Câmara, pode ganhar força nos momentos decisivos da disputa. No entanto, esse cenário é complicado pela proximidade de Bulhões com Hugo Motta e pela resistência de Gilberto Kassab, líder do PSD, a esse arranjo. Ao menos atualmente.
A relação entre o PSD, MDB e Republicanos no contexto das eleições municipais e da sucessão na Câmara reflete também uma visão mais ampla: a disputa pelo poder em Brasília não está isolada das movimentações políticas para 2026. O MDB, por exemplo, já sinalizou que pode estar inclinado a apoiar a eventual reeleição de Lula. Nesse contexto, alianças que se formam agora, tanto para a Câmara quanto nas prefeituras, podem ter implicações diretas na eleição presidencial de 2026.
Outro ponto importante na corrida pela presidência da Câmara é o papel de Elmar Nascimento. Antes considerado um adversário de Lula e do PT, Nascimento, após ser preterido por Lira, tem se esforçado para construir uma narrativa de que sua eventual presidência seria alinhada aos interesses do governo. A aproximação entre Nascimento e o governo Lula, no entanto, não é vista com grande otimismo entre os aliados mais próximos do presidente. Muitos ainda enxergam Nascimento como uma figura mais à direita, e a sua candidatura perdeu força após a ascensão de Hugo Motta, que agora desponta como o favorito.
Mesmo com essas dificuldades, Nascimento e Brito permanecem na disputa, com a estratégia clara de ganhar tempo até os resultados de outubro, quando as eleições municipais trarão um novo cálculo político para a Câmara. O PSD, em especial, aposta que sairá fortalecido desse processo, o que poderá colocar Brito em uma posição de destaque nas negociações de última hora.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória