Comprar um carro popular é o sonho de muitos brasileiros. Com a volta do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) neste ano, os preços subiram de novo e, com isso, é preciso economizar ainda mais para alcançar o tão desejado objetivo.
Se para muitos brasileiros comprar um modelo básico, sem muito luxo, é um sonho distante, para outros, a realidade é bem diferente. Na última terça-feira (14), a Polícia Federal apreendeu três veículos de luxo na garagem da residência do ex-presidente e atual senador Fernando Colllor de Mello (PTB).
Entre os carros apreendidos, a Lamborghini Aventador LP 700-4 Roadster, avaliada em R$ 3,4 milhões, chamou a atenção. Admirador declarado de carros, o ex-presidente viu mais uma vez um de seus automóveis virar símbolo de uma operação policial. Em 1992, um Fiat Elba teve participação decisiva no processo de impeachment do então presidente da República.
Após 23 anos, o ex-presidente conseguiu trocar seu muito modesto carro se comparado à Lamborghini . Privilégio de poucos, pelo menos é o que garante o economista Jorge Santana. De acordo com o economista, se levada em consideração a renda média do brasileiro, o trabalhador precisaria esperar 130 anos ou 1568 meses para poder comprar um modelo igual ao de Collor.
“É muito dinheiro. A renda média atualmente é de R$ 2.168,80. Se o trabalhador não comprar nada, não gastar nada desse total, ele consegue juntar em 130 anos o valor total desse carro. Eu já desisti”, brinca o economista.
Para aqueles que desejam comprar um carro mais simples, com menos potência, o economista diz que a missão também é difícil. “Se uma pessoa que recebe um salário mínimo resolver comprar um veículo novo, ele vai demorar 20 anos, mesmo usando 25% da renda. Esse é o limite para não afetar o orçamento familiar. Fica muito difícil uma pessoa que ganha um salário mínimo comprar um carro novo, a não ser que já tenha um dinheiro guardado, ganhe prêmio ou não tenha dívidas e despesas fixas”, afirma.
Santana afirma que a porcentagem do salário a ser aplicada no veículo, sem prejudicar as outras despesas, varia com as necessidades da família. Mas o ideal é que ela gire em torno de 10% do rendimento total.