Promover discussões a todos os setores produtivos do Estado, para ampliar a competitividade das indústrias locais e a conquistas de novos mercados, além de discutir o cenário político do país. Assim foi o XI Meeting de Líderes Industriais, realizado neste fim de semana, em Pedra Azul, Domingos Martins, região serrana do Espírito Santo. Com o tema “Desafios da Indústria Capixaba”, o encontro foi uma oportunidade para os empresários e lideranças capixabas debaterem questões fundamentais para a retomada do crescimento econômico.
O presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Léo de Castro, avaliou o encontro como um excelente momento para discussão da agenda de desenvolvimento do Espírito Santo, principalmente na atual conjuntura do país, onde está em pauta, por exemplo, a Reforma da Previdência. “O tema principal é a infraestrutura, o que nós acreditamos ser o ponto mais urgente para colocar o Estado em um caminho mais próspero. Precisamos conectar as empresas capixabas de forma competitiva com o Brasil e com o mundo. A Findes tem contribuído para tornar a sociedade mais próspera e está propondo caminhos significativos para isso, a exemplo da Indústria 2035 e as rotas estratégicas”, afirmou.
Para o presidente da Findes, empreender no país ainda é um desafio. “O estado brasileiro cresceu demais. Por isso, nós precisamos ter uma agenda de desburocratização, de simplificação para que o ato de empreender seja mais simples, acessível a mais pessoas. O empreendedorismo é o que faz com que a sociedade se desenvolva, então é algo que precisa ser mais valorizado, mais apoiado. Estamos desde de 2014 andando para trás ou para o lado, vivendo uma crise, estagnados. E nós, empresários, somos sobreviventes. “, avaliou.
Para Cristhine Samorini, empresária e vice-presidente do Centro da Indústria do Espírito Santo (Cindes), o foco do encontro é criar um ambiente de aprendizado estratégico em prol do Espírito Santo.“O intuito é promover o encontro do empresariado capixaba, auxiliando no desenvolvimento de empreendedores para o futuro. Nesses últimos dois anos, o Cindes construiu ambientes de melhorias de negócios”.
O ministro da Cidadania em exercício, Lelo Coimbra, esteve no evento e ressaltou a importância do encontro ser realizado em um momento de discussão em âmbito nacional de reformas importantes. “É um momento muito relevante quanto as expectativas que a conjuntura econômica e das reformas de Previdência e Tributária podem trazer para o país. Há um sentimento de expectativa muito forte que isso ocorra e que a economia possa respirar. É preciso enfrentar esses desafios sem populismos e com responsabilidade. Estamos em uma situação limite e explosiva do buraco previdenciário”, avaliou.
Compromisso com o Espírito Santo
Um dos palestrantes do encontro, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, apresentou a agenda de projetos da infraestrutura para o país e ressaltou que estão entre as prioridades do governo do presidente Jair Bolsonaro destravar os projetos de melhoria da logística do país, além de remover entraves burocráticos. Segundo o ministro, o panorama do Espírito Santo é positivo.
“O projeto de concessão da BR 262 deve ser finalizado nas próximas semanas. Acredito que nos próximos 30 dias, o governo federal inicia o período de consultas públicas. Estamos trabalhando também para liberar trechos do norte do Estado, no que diz respeito ao licenciamento na BR 101. Isso é importante para que a empresa possa trabalhar a duplicação norte. Recentemente começamos duas obras: o acesso ao Porto de Capuaba e o contorno do Mestre Álvaro. Nós temos uma prioridade e um compromisso com a logística do Espírito Santo”, relatou.
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Durante a palestra, o ministro Tarcísio de Freitas destacou que entre os principais objetivos do atual governo está o aprimoramento do ambiente de negócios no país. A ideia é, com isso, atrair investimentos estrangeiros, fortalecer a economia e aquecer o mercado nacional. “Tenho conversado com investidor estrangeiro todos os dias, eles vão vir para cá. O Brasil voltou para a pauta internacional de investimentos. Há uma confiança grande do investidor externo no nosso país. E queremos contar com parcerias privadas e instituições estrangeiras para produzir resultados”, afirmou Tarcísio de Freitas.
Em um tom de otimismo, o ministro disse que ainda há riscos que precisam ser mitigados, entre eles o medo do país ser insolvente. A grande alavanca, segundo Tarcísio, será a aprovação a Reforma da Previdência. “Há um interesse enorme do capital estrangeiro em participar dos nossos empreendimentos, de investir no país, mas falta o grande gesto: a aprovação da reforma da Previdência. É fundamental”.
Governabilidade de Jair Bolsonaro
O jornalista e escritor William Waack analisou o cenário econômico e político brasileiro durante palestra no XI Meeting de Líderes Industriais. A situação política do Brasil, a governabilidade do presidente da República Jair Bolsonaro e os reflexos da Operação Lava Jato foram temas abordados pelo jornalista.
Para William Waack, seis meses após assumir a presidência, Bolsonaro vive ainda um desafio de se entender com outros poderes, como o Legislativo. “O verdadeiro representante do povo é o deputado eleito. Qual a governabilidade do governo Bolsonaro? É um sistema de baixa capacidade decisória. Em outras palavras, coloquem-se vocês no lugar do Bolsonaro e pense que nada do que vocês queiram fazer vai andar se você não tiver 308 votos entre os 513 deputados. Qual o tamanho da caneta do presidente?”.
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Segundo Waack, que também é formado em ciência política, a maior dificuldade no atual cenário político brasileiro é encontrar respostas rápidas para os problemas que o Brasil vem enfrentando. “O brasileiro está sufocado, principalmente porque há algum tempo, o sistema político deixou de atender a demanda da sociedade. A corrupção é um dos grandes problemas do país, mas, para mim, não é a pior. Nossa maior crise é a falta de lideranças com capacidade de articulação. Não haverá solução possível sem que haja muitos perdedores. O legislativo está ficando mais forte e cercando o poder executivo. E o ponto chave hoje é a Reforma da Previdência. Temos que ter a consciência que é necessário e ponto final”, ressaltou.
Negociar e dialogar
O co-fundador da mineira Wäls Cerveja Art e um dos sócios da Ambev, José Felipe Carneiro, ou Zé, como gosta de ser chamado, também foi um dos palestrantes do encontro. Ele contou sobre a trajetória de empreendedor.
Zé e o irmão, Thiago, transformaram a Wäls, cervejaria de sua família fundada em 1999, em uma das mais premiadas do Brasil e depois venderam para a gigante das bebidas. “A gente olha para nossa história, para a nossa família, e a gente fala que a gente quebrou empresas em série. Tivemos muitos negócios que não deram certo. Foram 26 negócios. Criação de frango, padaria, sorveteria, boate… E alguns deram certo, como a cervejaria Novo Brazil, a Wäls Cervejas, que se tornou parte do grupo Ambev”.
Assim como todo empreendedor brasileiro, Zé afirmou que por inúmeras vezes, pensou em desistir do mundo dos negócios. “Todo mundo tem a falsa ilusão de que deu tudo certo na nossa vida, mas deu muito mais errado do que certo. As frustrações existem aos montes, são o que te faz crescer no negócio. Não foi fácil chegar onde estou agora. Já quase fali diversas vezes e mesmo estando no mercado mundial, ainda tenho que inovar todos os dias e provar que a minha cerveja é boa. Mas para isso, é essencial ter pessoas melhores que eu na equipe, objetivos transparentes e direcionamento no propósito. Para o negócio dar certo, temos que negociar e dialogar. E o Sistema Findes está aí para orientar e propor diálogo. Espero que vocês, empresários, possam colocar o Estado como destaque na economia do mundo”, disse.