Economia

Dia das Mães: Fecomércio estima queda de 80% das vendas no Espírito Santo

Segundo a federação, cerca de R$ 600 milhões deixam de ser movimentados diariamente por causa das medidas restritivas ao comércio no estado

Foto: TV Vitória

Com as restrições ao comércio no Espírito Santo, impostas pelo Governo do Estado como forma de combate à pandemia do novo coronavírus, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio-ES) estima uma queda de aproximadamente 80% das vendas para o Dia das Mães deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. A data será celebrada no próximo domingo (10).

Desde que foram adotadas as medidas de distanciamento social entre os capixabas, a federação estima uma perda de pelo menos R$ 1,5 bilhão. Segundo a entidade, cerca de R$ 600 milhões deixam de ser movimentados diariamente por causa das medidas restritivas.

“O varejo já está operando nesse nível, de dois terços de retração, e os produtos característicos do Dia das Mães são os mais impactados pela crise: roupa, calçado, acessórios e complementos de moda, perfumaria, beleza”, frisou o diretor da Fecomércio, José Carlos Bergamin.

“Nós teremos um Dia das Mães apenas simbólico. A situação do varejo é dramática. A gente já está parado há 60 dias, vem postergando isso de semana em semana. Nós queremos formar um pacto com o governo, do nosso compromisso de nos transformarmos, esse exército de lojistas e de comerciários, nos colaboradores na disseminação da boa prática, dos cuidados, da boa orientação, para que a gente, de uma maneira compartilhada e solidária, possa superar a dramática situação que toda a sociedade vive”, completou Bergamin.

No último sábado (2), o governador Renato Casagrande anunciou a permissão para que lojas dos municípios com alta transmissão da covid-19 façam atendimento individual, entreguem produtos na porta ou na casa do cliente. Nos shoppings também está autorizado o atendimento por drive-thru.

“Diante do cenário atual que estamos vivendo, é claro que não teremos as vendas como elas seriam se estivesse tudo normalizado. Mas diante do que a gente está passando, eu acho que a flexibilização do horário já deu uma ajudada. Na segunda-feira a gente já sentiu a diferença lá na loja, e eu acho que vamos sentir ainda mais de hoje até sábado”, destacou a comerciante Paola Vitorazzi.

Para tentar driblar a crise e ter algum faturamento com o Dia das Mães, a comerciante Cristiane Silva Cezar resolveu partir para outra atividade. Ela é dona de uma loja de locação de objetos para decoração de festas em Soteco, Vila Velha, e estava parada por causa da pandemia. “Nossa renda foi a zero, realmente não tem como fazer decoração. Não tivemos mais locação”, conta.

No entanto, ela decidiu resgatar algo que fazia há quase 20 anos: voltou a fazer cestas de café da manhã. E o resultado foi melhor que o esperado. Cristiane recebeu 150 encomendas para o próximo domingo. “A gente tinha uma estimativa de 30 a 50 cestas. Superou e não conseguimos mais atender, infelizmente. A gente encerrou as nossas encomendas”, disse.

Quem também vem lutando para minimizar os prejuízos das últimas semanas é Josafá Pereira, dono de uma floricultura em Bento Ferreira, Vitória. Depois de 40 dias de portas fechadas, ele reabriu o comércio nesta semana e passou a atender os clientes da porta e também pelas redes sociais. E se os clientes não querem buscar as flores na loja, o comerciante também faz entrega em casa.

“Quarenta dias com a porta fechada, sem funcionar. E o ramo de floricultura é um setor muito difícil, porque o meu estoque, quando fechei a loja, perdi tudo. Não tem como guardar mercadoria. Tenho funcionário, tive que dar férias. Aí venceram as férias, a gente teve que fazer um acordo salarial, um acordo de aluguel”, relatou.

O comerciante conta que, nos últimos dias, tem recebido vários pedidos de buquês para o Dia das Mães. Os mais baratos custam R$ 10. Já um arranjo de orquídeas, com alguns mimos a mais, pode sair por até R$ 150.

“Não teve alteração de preço, ele está bem em conta. Tem coisa até mais barata do que no ano passado. Hoje eu nem estou visando tanto o lucro para o futuro. Eu só preciso repor a minha perda”, afirmou.

Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória/Record TV