Economia

Diretor-executivo do Sicoob analisa mercado financeiro e fala sobre o futuro da instituição

Na entrevista a seguir, Nailson Dalla Bernardina faz uma análise abrangente da movimentação do mercado financeiro para se adequar ao novo momento do País

Nailson é funcionário Sicoob desde 1995 Foto: Divulgação

Formado em Ciências Contábeis, Nailson Dalla Bernardina é funcionário do Banco Sicoob desde 1995. Profissional de carreira, passou por vários setores na instituição. De cargos operacionais a gerenciais, Nailson atualmente é diretor-executivo do Sicoob Central Espírito Santo, desde 2011.

Na entrevista a seguir, Nailson faz uma análise abrangente da movimentação do mercado financeiro para se adequar ao novo momento monetário e da função das cooperativas de crédito nesse contexto.

Folha Vitória: O Sicoob é o maior sistema financeiro cooperativo do país. Quais os segredos da instituição para manter a competitividade frente aos demais bancos do país?

Nailson: Não tem segredo. O que tem no sistema é muito trabalho e profissionalismo. O sistema de cooperativismo é organizado em três níveis: Singulares, Centrais e Confederação. Esse conglomerado constitui algumas empresas que são administradas pelo Sicoob. Nós temos hoje uma administradora de consórcios, uma corretora de seguros e uma administradora de cartão. Temos um banco e várias ramificações. Conseguimos  competir com outras organizações, com ganho de mesma escala. Hoje o mercado trabalha muito com o índice de eficiência. O Sicoob tem um índice de eficiência de 40%. Esse índice é compatível com as maiores instituições privadas brasileiras. Nosso sucesso é o compromisso com o nosso cliente, que, na verdade, é nosso sócio.

FV: O Sicoob Espírito Santo passou a administrar R$ 3 bilhões em ativos no final do primeiro semestre deste ano. Qual a importância desse resultado e o que podemos esperar para o próximo ano?

Nailson: Essa marca foi uma conquista muito importante. Representou, sobretudo, o reconhecimento da sociedade. O Sicoob existe há 25 anos. Somos uma sociedade de pessoas. A sociedade entendeu a importância da cooperativa. Com isso, temos a entrada de novos sócios. Essas pessoas trazem seus recursos. Esses R$ 3 bilhões é um sinal de confiança. Em 2015, esperamos atingir mais de R$ 4 bilhões.

FV:  O fim do ano se aproxima e qual o total/percentual de lucro o Sicoob espera alcançar? Quanto essa taxa representa em relação ao ano anterior?

Nailson: Esse ano, embora tenha tido muitos eventos, mantivemos o ótimo nível de crescimento. Esse aumento foi visto no crédito, no depósito e em todos os serviços. Isso refletiu nos nossos resultados. Algo em torno de 40% superior ao ano passado. Isso representa algo em torno de R$ 185 milhões. É importante lembrar que o nosso principal objetivo não é o lucro, e, sim, a satisfação de nossos sócios com o nosso atendimento, produtos e serviços.

FV: Quantos associados a cooperativa possui?

Nailson: Em setembro tínhamos cerca de 159 mil. Hoje posso falar que gira em torno de 160 mil.

Quais os principais incentivos na área social?

Nailson:  A cooperativa por si só é um agente social. Nosso patrimônio é estimado em mais de R$ 750 milhões. Esse valor é de todos os sócios. O Sicoob é a maior instituição de crédito. Se não fosse, esse montante não estaria distribuído dessa forma. Temos várias iniciativas na área social. Concluímos o outubro rosa, temos parceria em vários municípios, fazemos ações regionais de cooperativa. Para 2015, estamos estudando uma parceria para atender a Grande Vitória na área da educação. Um projeto importante tem sido discutido para poder contribuir. A nossa missão é desenvolver avanços onde estamos atuando.

FV: Como o senhor analisa a economia brasileira para o próximo ano? De que forma o resultado das eleições pode influenciar nos negócios do Sicoob? 

Nailson: O mercado aguarda o posicionamento do Governo Federal sobre os nomes de quem irá conduzir a economia nos próximos anos. Essa é a expectativa geral. O aumento da taxa Selic e outras pode ser uma sinalização da mudança no rumo econômico do País. Apesar de tudo, o momento é muito modesto para poder entender como o mercado vai agir. Ainda é muito prematuro dizer que houve mudanças.

FV: E sobre a inflação, o que podemos esperar?

Nailson: Antes da apresentação de quem vai conduzir a política monetária, é muito difícil fazer projeções. Pode ser que a inflação se mantenha próximo ao teto da meta, ou ligeiramente acima do teto. Estamos aguardando a divulgação dos nomes.

FV: Quais as prioridades do Sicoob para o próximo ano? A instituição pensa em aquisições?

Nailson: Nossa prioridade é ampliar a oferta de serviços. O serviço representa mais do nosso resultado. Priorizamos avançar com os seguros, aumentar nossa participação na emissão de cobranças, duplicatas e boletos. Só de cartões aqui no Estado são mais de 100 mil. É um produto que vem crescendo. O nosso foco é ampliar os nossos serviços com abertura de novas agências e manter nosso foco na melhorias de serviços.

FV: Previsão de abertura de novas agências? Quantas temos no ES? 

Nailson: Atualmente são 89 agências no Estado e temos outras sendo construídas em Serra Sede, Vitória e Itapemirim. Temos projetos de construção em Viana e Pedro Canário.

FV: O que o cliente Sicoob tem que não encontra em outras instituições financeiras? 

Nailson: Primeiro é a participação nos resultados e decisões da cooperativa. Nenhuma instituição oferece isso. Temos taxas competitivas, atendimento rápido. Não vimos como cliente, e, sim, associados. Apesar de ter abrangência nacional com produtos internacionais, somos uma instituição regional.

FV: Há novidades em linhas de créditos para o próximo ano? 

Nailson: Estamos trabalhando internamente em uma plataforma que teve reconhecimento da FEBRABAN (Federação brasileira de Bancos). Essa plataforma fará mais agilidade e segurança em todo nosso projeto de crédito. Nossos associados terão mais agilidade e segurança em todo o projeto de crédito, além de velocidade na transição. Vamos analisar e conseguir crédito de forma mais ágil e segura.