Muito além de uma crise de saúde, a pandemia do novo coronavírus, se mostrou um problema capaz de atingir diversos setores da sociedade e a economia foi, e ainda tem sido, um deles. Um levantamento do Sebrae mostra que 76% dos estabelecimentos capixabas continuam em queda no faturamento, mesmo com a flexibilização no atendimento, e além disso, micro e pequenos empresários do Espírito Santo devem levar um ano e meio para se recuperarem dos prejuízos.
Nem mesmo os estabelecimentos situados na Praia da Costa, um dos bairros mais nobres de Vila Velha, foram capazes de escapar dos impactos da pandemia do novo coronavírus.
O empresário Thiago Porto é dono de uma loja de cosméticos na região. O estabelecimento foi inaugurado há dois anos, poucos meses antes da pandemia. Com o tempo, o proprietário sentiu no caixa, a redução das vendas.
“Esses meses foram muito difíceis. A gente sofre uma queda porque temos um certo valor a ser vendido mensalmente e acabamos não atingindo essa meta. São valores para manter o aluguel, manter funcionário, pagar todas as contas. Estamos bem na risca”, contou.
Em alguns casos, a experiência pode ser a chave para os momentos difíceis. Os 18 anos de trabalho no ramo têxtil da empresária Micheline Vitale fizeram com que ela mantivesse a loja aberta.
“As contas todas vencem, o funcionário que não pode ficar desamparado independente de estar trabalhando normalmente ou não, o aluguel precisa ser honrado e os fornecedores que me entregaram o material precisam receber. Foi tudo como uma avalanche de contas, compromissos, responsabilidades”, disse.
Com os prejuízos, ela precisou renegociar contratos e readequar a loja para a nova realidade.
“Foi feito redução de carga horária de funcionário, renegociações com os fornecedores e também com o aluguel. A gente vive um impasse de renegociações mensais. A gente vem de um impacto grande e que ainda estamos sentindo”, pontuou.
Cenário capixaba
Atualmente, o Espírito Santo possui cerca de 375 mil pequenos negócios. Um levantamento do Sebrae, com a Fundação Getúlio Vargas, revelou que os pequenos e microempreendedores continuam sentindo os impactos da pandemia.
Apesar da retomada das atividades econômicas, a pesquisa revelou que 76% dos estabelecimentos continuam com queda no faturamento e 64% dizem ainda ter dificuldade para manter o negócio. Sem contar ainda com os empreendedores que não conseguiram superar a pandemia.
O levantamento ainda indica que os micro e pequenos empresários capixabas devam levar cerca de um ano e meio para se recuperarem dos fortes prejuízos caudados pela pandemia.
Para o superintendente do Sebrae-ES, Pedro Rigo, apenas a flexibilização dos horários de funcionamento não é suficiente para uma retomada eficiente do negócios.
“A grande maioria dos pequenos negócios estão com dificuldade na retomada e com isso é bom lembrar que não somente a redução das restrições feitas pelos governos será suficiente para a retomada da economia. A ideia é que a gente possa, a partir da vacinação, ter de fato uma maior confiança, um consumidor mais confiante para que voltemos aos patamares de consumo”, apontou.
* Com informações do repórter Lucas Henrique Pisa, da TV Vitória/Record TV.