Economia

Empresas no ES capacitam funcionários para aumentar produtividade e driblar falta de mão de obra no mercado

Algumas vagas de emprego não são preenchidas por causa da falta de qualificação, por isso, alguns empregadores optaram por assumirem esse papel

Uma conta que não fecha. Difícil acreditar que em um país onde há cerca de 14 milhões de desempregados, grandes empresas estão com vagas “sobrando”, à procura de colaboradores. Um dos motivos para essa equação não encontrar um denominador comum é a falta de qualificação profissional.

Foto: Divulgação/Suzano
Para driblar a falta de mão de obra qualificada, empresa com sede no ES qualifica o próprio pessoal

E sem mão de obra qualificada, o Espírito Santo acaba perdendo em competitividade e desenvolvimento econômico. “De norte a sul deveríamos ter novas empresas e indústrias se instalando e iniciando suas atividades. Para isso, se faz necessário que o profissional capixaba esteja devidamente qualificado para que possa se candidatar a essas novas vagas”, frisa o secretário Estadual de Desenvolvimento, Marcos Kneip.

Para superar este obstáculo, algumas empresas optaram por utilizar mão de obra das cidades em que estão sediadas e capacitar os colaboradores. Um exemplo é a Suzano, maior produtora global de celulose de eucalipto, que tem sete em Aracruz, no Norte do Espírito Santo. Recentemente (22 de março), a empresa inaugurou uma nova fábrica, desta vez em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo

O projeto durou cerca de seis meses e capacitou 47 pessoas. A Suzano entrou em contato com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), para que fosse feito esse trabalho.

Foto: Divulgação/Suzano
Uma das qualificações oferecidas aos funcionários foi operador de empilhadeira

“O projeto foi extenso pois as funções que a empresa pedia eram muito específicas. Então fomos até outra fábrica para entender o método de produção para atender os colaboradores. E assim atuamos com as empresas que nos procuram e que buscam capacitar o colaborador que já faz parte do quadro de trabalho”, afirma o gerente executivo de Mercado da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Fernando Bohn Geller.

Patrick Furtado Oliveira Ribeiro, de 22 anos, foi capacitado para assumir a função de operador de máquina que fabrica rolos de papel higiênico. A própria empresa que o contratou também providenciou o treinamento.

“Quando soube que a fábrica da Suzano iria vir para Cachoeiro, eu me inscrevi no site da empresa e fui chamado. Fiz um treinamento que durou alguns meses e em seguida assumi como operador de máquina de conversão. E ainda fui promovido recentemente. Eu me sinto valorizado”, conta Patrick.

Foto: arquivo pessoal
Patrick foi contratado e capacitado pela Suzano e conseguiu ser promovido em menos de 6 meses

O rapaz está quase terminando a faculdade de engenharia de produção e com mais qualificação, espera crescer ainda mais na empresa.

“Estou terminando o nono período de engenharia de produção e eu não tenho sombra de dúvidas que quero crescer na empresa. E não vou parar nisso. Pretendo fazer uma especialização para ser engenheiro de produção da fábrica”, completa.

Junto com Patrick, outros 46 trabalhadores tiveram a oportunidade de se capacitar e ingressar no mercado de trabalho. “O investimento foi de R$ 130 milhões investidos e hoje nosso time próprio está completo com 85 colaboradores. A expectativa é ter 170 colaboradores, entre próprios e terceiros, valorizando mão de obra local”, afirma a analista de gente e gestão da Suzano, Mariana Coneglian Benazzi.

Mariana também destaca a proximidade da empresa com a comunidade.  O fato da nova fábrica ter priorizado a contratação de mão de obra de pessoas que moram no município em vez de “importar” os colaboradores, ajudou nessa aproximação.

“Valorizamos a capacitação e a mão de obra local. Isso ajuda a fortalecer os nossos laços e compromissos com o desenvolvimento do cidadão de Cachoeiro. Isso foi possível graças a uma parceria com o Senai e futuramente com outras instituições de ensino da região. Além disso, já nascemos uma unidade referência em diversidade para a companhia, com 33% de mulheres e 34% de negros no nosso quadro de colaboradores”, completa Mariana. 

Por que valorizar a mão de obra local? Confira o vídeo:

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O Senai atendeu, apenas em 2020, cerca de 2 mil empresas, apenas no Espírito Santo. Mas também há a opção de matrícula individual. Basta se apresentar ao Senai, realizar a matrícula e esperar pelo fechamento de uma turma. No entanto, devido às medidas mais restritivas para conter o avanço coronavírus no Estado, as aulas presenciais estão suspensas e acontecem apenas à distância, até o fim do decreto de fechamento total.

Foto: Alexandre Mendonça/Findes
Geller: apenas em 2020, a demanda de atendimento foi de 2 mil empresas

“Conseguimos adequar os treinamentos e cursos de acordo com a demanda da empresa que nos procura. Mas também atendemos micro, pequenas e médias, além de atender individualmente qualquer pessoa que busque se qualificar, estando empregado ou não. E em alguns casos, todo o curso ainda pode ser gratuito”, completa Geller.

Os cursos são voltados a diversas especialidades da indústria. Para mais informações ou se candidatar, acesse o site.

Pleno emprego? Não para todos

Foto: Divulgação/Internet
IBGE: taxa de desemprego foi de 13,5%

Uma pesquisa feita pela consultoria de recursos humanos Robert Half, em outubro de 2020, mostra que, enquanto a taxa de desocupação no Brasil está em 13,5%, o índice entre a população qualificada, acima de 25 anos e com ensino superior completo, é menor que 6%, o que colocaria o Brasil dentro da margem de erro do pleno emprego (de 3% a 6%).

“Para capacitar o trabalhador capixaba, temos o programa Qualificar ES, que concede cursos totalmente gratuitos, nas mais diversas áreas, para que o candidato a uma vaga de emprego ou que queira empreender, possa chegar melhor preparado ao mercado de trabalho”, completa o secretário estadual de Desenvolvimento, Marcos Kneip. 

Algumas empresas, no entanto, decidiram ter a iniciativa de capacitar os próprios funcionários para que eles galguem novos caminhos e tenham uma carreira de promoção dentro da companhia.

“Antes para alguns cargos, nós exigíamos inglês fluente e a empresa tinha dificuldade em encontrar este candidato. Então pensamos, por que a própria empresa não pode capacitar esse colaborar após ele ter entrado? Isso é o que estamos fazendo e o resultado vem se mostrando bastante satisfatório para todos os lados”, afirma a consultora de gente e gestão da Suzano, Elaine Maria Dias.