Alta dos juros

"Estratégia principal é aproveitar a renda fixa"

Especialista em investimentos, professor universitário e apresentador do "Me tira do perrengue" aponta os caminhos para cuidar das finanças e da renda com alta da Selic

Renda fixa parece ser o melhor remédio contra a  alta dos juros  definida pelo Banco Central. Crédito: Divulgação
Renda fixa parece ser o melhor remédio contra a alta dos juros definida pelo Banco Central. Crédito: Divulgação

Um ponto percentual não é pouca coisa. O remédio amargo usado pelo Banco Central para conter a alta da inflação no País pode ter um reflexo bem doloroso nas contas de quem tem dinheiro investido. Entre todo portfólio oferecido pelo mercado, a renda fixa parece ser a melhor opção para resguardar investimentos. Mas não é só isso.

O especialista em investimentos, em criptoativos, professor universitário e apresentador do videocast “Me tira do perrengue”, Érico Colodeti Filho, aponta os caminhos para o investidor. E é bom salientar que o importante é aprender e diversificar. Em outras palavras, ter cuidado com o dinheiro.

Veja abaixo a análise do especialista:

O que representa, para o cidadão comum, 1 ponto percentual a mais na taxa Selic?

O aumento de 1 ponto percentual na Selic impacta diretamente o custo do crédito. Torna  empréstimos, financiamentos e dívidas mais caras. Ou seja, para quem tem parcelamentos no cartão de crédito, cheque especial ou pretende financiar um imóvel ou carro, isso significa prestações mais altas. 

Além disso, o consumo tende a diminuir, o que pode desacelerar a economia e impactar o mercado de trabalho. Por outro lado, quem investe em renda fixa se beneficia, pois os rendimentos de produtos atrelados à Selic, como o Tesouro Selic e CDBs, aumentam.

Como blindar investimentos e patrimônio com taxas tão altas assim?

Com a Selic em alta, a estratégia principal é aproveitar a renda fixa, que oferece segurança e bons rendimentos. Investimentos como Tesouro Selic, CDBs de bancos sólidos, LCIs e LCAs são opções interessantes.

Além disso, diversificar a carteira, manter uma parte do patrimônio em ativos dolarizados ou fundos multimercado, ajuda a mitigar riscos. É importante também evitar dívidas desnecessárias, pois os juros sobre elas são muito elevados.

É só investir em títulos públicos? Simples assim?

Os títulos públicos são uma excelente alternativa para quem busca segurança e rentabilidade em tempos de juros altos. No entanto, investir apenas neles pode não ser a melhor estratégia.

O ideal é uma carteira diversificada, combinando diferentes ativos de renda fixa e variável, sempre de acordo com o perfil do investidor. Além do Tesouro Selic, títulos prefixados ou atrelados à inflação podem ser interessantes, dependendo do horizonte de investimento

Com juros tão altos, empregos, geração de riqueza e ter mais renda fica difícil para o cidadão comum? Por quê?

Sim, porque juros elevados encarecem o crédito para empresas, dificultam investimentos e contratações. Com menos dinheiro em circulação na economia, o consumo cai e afeta o faturamento e a renda dos negócios. Do mesmo modo, a geração de empregos fica prejudicada.

Além disso, com a inflação controlada à força pelo aumento dos juros, o crescimento econômico pode desacelerar. Isso torna mais difícil a melhoria da qualidade de vida e o aumento de renda para grande parte da população.

Érico Colodeti Filho é especialista em investimentos, professor universitário e apresentador do Me Tira do Perrengue. Foto: Divulgação

Que impacto uma decisão do Banco Central dos EUA pode ter sobre o Brasil?

Quando o Federal Reserve (Fed) mantém os juros elevados nos EUA, os investidores internacionais tendem a direcionar seu capital para lá, já que os títulos do governo americano se tornam mais atrativos e seguros. Isso pode pressionar o câmbio, levando à valorização do dólar frente ao real.

Para o Brasil, isso significa um aumento no custo de importação e possível pressão inflacionária. Além disso, empresas e governos que possuem dívidas atreladas ao dólar podem sofrer impactos negativos e perder renda.

Como o investidor se protege disso?

O investidor pode se proteger ao diversificar a carteira, alocar parte dos investimentos em ativos atrelados ao dólar, como fundos cambiais, ETFs internacionais ou ações de empresas globais

Outra estratégia é manter uma reserva de emergência bem estruturada e aproveitar a renda fixa brasileira, que oferece retornos elevados com baixo risco. Além disso, acompanhar os movimentos do mercado e revisar a carteira periodicamente é fundamental para garantir a melhor alocação em diferentes cenários econômicos.