Se antes o bacalhau era o “vilão” para o bolso dos consumidores na época da Páscoa, com a pandemia do Coronavírus, o grande desafio não será o preço dos produtos, mas sim a falta de renda e o desemprego.
Segundo o coordenador do IPC do FGV IBRE, a população não tem renda para comprar. Muitas famílias estão sendo afetadas diretamente pelo isolamento por viverem de serviços que dependem da venda diária para levar comida para a casa. Ele ainda cita como exemplo, profissões como diarista, guardador de carros e ambulantes.
Segundo Braz, itens como batata, cebola, pimentão e azeite estão mais baratos do que na Páscoa do ano passado. Já o chocolate em barra e bombons, o vinho, tiveram alta abaixo da inflação atingida no período, de 3,44%. Ambos tiveram aumento de 0,54% e 1,3%, respectivamente.
Confira abaixo a variação de preços
Registraram queda de preço:
⦁ Azeite: 5,09%
⦁ Batata: 28,93%
⦁ Cebola: 15,86%
⦁ Pimentão: 4,42%
Registraram alta de preços:
⦁ Bacalhau 13,35%
⦁ Chocolate em barra ou bombom: 0,54%
⦁ Ovos de Páscoa: 10%
⦁ Pescado: 0,76%
Braz afirma, que estamos gerando pouca renda e empregos, mesmo com as constantes quedas da taxa básica de juros, a Selic. Se a previsão era crescer 2% este ano, o Coronavírus fez com a realidade mudasse totalmente e por este motivo teremos PIB [Produto Interno Bruto] negativo em 2020.
Falta de renda afetará mais a Páscoa do que preço de produtos
Itens como azeite, batata, cebola, pimentão e chocolate estão mais baratos do que em 2019. Só o bacalhau, único item importado do grupo, que registrou alta na comparação com a Páscoa de 2019.
O economista acredita que o confinamento social impactará no desempenho do país, considerando que 60% do PIB vem da área de serviços e poucas empresas estão podendo trabalhar.
“Com o PIB negativo, se as pessoas já tinham dificuldade para arrumar emprego, a situação deve piorar, aumentando o nível de desemprego e a redução da renda”, ressalta.
Baixa renda não sabe se terá comida no dia seguinte
Para o sociólogo Fabio Mariano, o impacto da pandemia do Coronavírus é muito maior para a baixa renda, pois o desemprego já chegou para esse público e ninguém está preocupado se terá almoço de Páscoa mas sim com a falta de saneamento básico, água e sabão para sobreviver.
Para Fábio, essa população se preocupa em levar arroz, feijão para almoçar e jantar e pão e leite para o café da manhã: “a população de baixa renda não está pensando no que terá para servir no almoço de Páscoa, mas se terá comida na mesa no dia seguinte.”
Mariano ainda destaca que essa população vive, exclusivamente, da renda diária. A maioria, de acordo com o sociólogo, vive de diversas rendas que vão conquistando paralelamente.
“A diarista também vende Avon ou faz bolo para fora, a manicure faz unha extra e o encanador e o pintor vão pegando bicos, por exemplo. Agora eles não contam mais com esse rendimento extra porque as pessoas não têm dinheiro e estão em confinamento. A baixa renda sempre se virou quando o desemprego invadiu a sua porta e conseguia um mínimo para sobreviver, mas neste momento não está conseguindo.”
Mariano destaca que falta dinheiro para pagar aluguel, conta de luz e outras despesas básicas. “É até por isso que essas contas são prioridade nas medidas do governo.”
Com informações do Portal R7!