Economia

Famílias capixabas consumiram menos pelo sexto mês consecutivo

Pesquisa indica insatisfação com a renda atual e falta de perspectiva profissional como os principais entraves para o consumo das famílias na capital

Queda no consumo prejudica cadeia produtiva Foto: ​TV Vitória

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) capixabas, divulgada no mês de abril, aponta recuo pelo sexto mês consecutivo e chega aos 82,6 pontos. Com relação ao mês de março, houve retração de 11,8 pontos. Já na comparação anual, a queda totaliza 34,6  pontos, de acordo com a pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES).

Segundo o presidente da Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri, a baixa expectativa de consumo dos capixabas afeta toda a cadeia produtiva. “As famílias estão readequando o seu padrão de vida a uma dura realidade. Se elas não têm intenção de consumir, obviamente o comércio não vende e a tendência é que haja uma redução nos postos de trabalho que, por sua vez, são ocupados por pais de família que continuarão sem consumir, caso a falta de perspectiva profissional se confirme. É um efeito cascata”, disse.

De fato a perspectiva profissional dos capixabas segue em baixa. 54,9% das famílias não acreditam que terão alguma melhora profissional nos próximos meses. Dessas, 65% recebem mais do que dez salários mínimos mensais. Entre março e abril o item recuou 9,1 pontos.

Se não há otimismo profissional, a renda atual também não agrada, já que 37,8% julgam tê-la visto piorar com relação ao ano passado. Sendo assim, as famílias têm consumido cada vez menos. Esse número representa 44,2% delas. A expectativa de consumo segue a tendência e se mantém em baixa com 47,6% dos entrevistados pretendendo consumir menos do que no último semestre de 2014. 56% dessas pessoas ganham mais do que dez salários mínimos.

Acesso ao crédito e consumo de bens duráveis

A baixa no consumo e a dificuldade de acesso ao crédito, que já atinge 36,1% dos entrevistados, indica que os capixabas darão preferência aos itens básicos e os bens duráveis já são vistos como dispensáveis por 59,8% das famílias. 60,3% delas recebem menos do que dez salários mínimos.

O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Vitória, Cláudio Sipolatti, percebe que as pessoas começaram a sentir o impacto dos custos. “Temos uma inflação crescente, o dólar em alta, as tarifas que aumentaram. Essa conjuntura está criando dificuldades para as famílias e fazendo com que as pessoas priorizem na hora das compras. Assim, começamos a ter uma perda de poder de compra e já não é possível consumir da mesma maneira como se consumia há pouco tempo atrás”, diz.