São Paulo – O resultado de setembro no setor de serviços é ruim, mas esperado. É mais um indicador que confirma a desaceleração da atividade econômica, na avaliação do estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. Ele argumenta que o aumento de 6,4% na receita bruta nominal em setembro, divulgada nesta terça-feira, 18, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirma a sinalização de que o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre tende ao zero. “Esse era o último dado que faltava sobre o terceiro trimestre. Somado aos outros indicadores, mostra que o PIB será positivo, mas muito perto de zero”, afirma o economista.
Gala salienta que as perspectivas para o setor de serviços ficaram ainda menos auspiciosas dado o recente desempenho nos mercados imobiliário e de trabalho. “Os dois pilares do setor de serviços estão ameaçados: mercado imobiliário e mercado de trabalho”, diz o economista. Ele cita reportagem do Broadcast desta terça-feira que evidencia o alto nível no total de distratos de vendas (cancelamentos de contratos já assinados) e o aumento de estoques de imóveis, segundo levantamento exclusivo junto às seis companhias listadas no mercado acionário e que informam esse dado.
Do lado do emprego, as evidências desanimadoras chegaram na sexta-feira passada, 14. Nesse dia, o Ministério do Trabalho e Emprego surpreendeu a todos com um resultado absolutamente ruim do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em outubro. O saldo líquido de empregos formais gerados no mês passado ficou negativo em 30.283, valor muito abaixo da mediana das estimativas coletadas pelo AE Projeções, de criação de 56.250 vagas e fora do intervalo das previsões, que iam de geração de 50.000 a 73.000 postos de trabalho.
Com a tendência de desaceleração dos serviços, acompanhando os mercados de trabalho e imobiliário, a inflação do setor tende a reduzir o ritmo. “Vai acontecer, mas não será uma desaceleração forte e de uma hora para outra. Vai ocorrer ao longo do tempo”, afirma Gala.