*Reportagem atualizada com posição da VLI
O vice-governador do Estado, Ricardo Ferraço, cobrou publicamente a mineradora Vale pelo atraso nas obras do trecho Anchieta – Presidente Kennedy da Ferrovia EF-118. Ferraço disse que a empresa está com todos os prazos estourados, mesmo com condição de tocar imediatamente algumas etapas da obra. A declaração foi durante o Seminário Infraestrutura e Logística – Espírito Santo como solução logística para o Brasil , organizado pelo LIDE Espírito Santo.
“A Vale, por certo, está muito atrasada com todos os prazos. O governo federal já deu a diretriz à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para que possa editar o decreto de utilidade pública para e assim a apropriação possa começar. Há mais de seis ou oito meses, os estudos ambientais da Vale estão prontos, mas a empresa não protocola no IEMA para que o órgão possa iniciar os estudos”, disse o vice-governador.
A nova ferrovia prevê a ligação entre os municípios de Anchieta, Piúma, Iconha, Rio Novo do Sul, Itapemirim e Presidente Kennedy. A linha é apontada como essencial para a logística do Espírito Santo e o desenvolvimento de projetos importantes, como o Porto Central em Presidente Kennedy.
A Vale informou que não vai comentar o assunto.
FCA
Ferraço também questionou a proposta de renovação da concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA). Nesse sentido, o vice-governador acredita que o modelo proposto não atende o Estado.
“Sinceramente, com os moldes em que está essa revelação, ela não interessa, não privilegia e não considera o potencial do Estado como uma alternativa para a logística nacional. Até porque no último plano de negócio que se conhece da FCA, 92% dos seus investimentos serão em material rodante. O que é material rodante? É locomotiva e vagão. A FCA quer investir apenas 8% em infraestrutura. Onde está a vantagem para o interesse público em cima da proposta que foi apresentada?”, questionou.
A VLI, empresa que administra a FCA, informou que o Espírito Santo vai se beneficiar “significativamente” com a renovação antecipada. Disse ainda, por meio de nota, que estima aumento de 63% no volume de cargas movimentadas no Estado. Isso se dará por meio de fluxos de importação e exportação, com cargas como grãos, farelo, fertilizantes, bem como celulose. Além de insumos e produtos acabados da indústria siderúrgica.
* Veja a nota completa no final desta reportagem.
Seminário sobre ferrovias
O seminário trouxe ao Estado o secretário nacional de Transporte Ferroviário do Ministério dos Transportes, Leonardo Ribeiro. Ele exaltou a posição do Espírito Santo para o desenvolvimento da logística nacional bem como chamou a atenção para a necessidade de integração ferroviária no Estado e no país.
“A gente precisa pensar em integração. Eu acho que aqui no Espírito Santo nós precisamos integrar os portos do Sul com a ferrovia Vitória a Minas. Do mesmo modo, precisamos pensar na integração com o Rio de Janeiro. Se fizermos essa integração, conseguiremos fazer todo esse transporte de carga que passa por esses portos do Rio de Janeiro bem como pelo Espírito Santo, por ferrovias. Isso vai dar mais eficiência para a economia, vai gerar emprego, vai gerar renda. A gente sabe que ferrovia é um modal de transporte sustentável e numa área de portos como Espírito Santo e Rio de Janeiro, é a solução mais adequada”, pontuou o secretário.
Além do secretário, participaram ainda o head LIDE Transportes e conselheiro de Infraestrutura da Fiesp, Rodrigo Vilaça, do superintendente de Transporte Ferroviário da ANTT, Alessandro Baumgartner, e do presidente do LIDE ES, Thiago Santos.
*Nota da VLI:
A VLI reafirma que a proposta de renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica prevê a realização de investimentos robustos, majoritariamente destinados à via permanente e infraestrutura ferroviária, o que resultará em um transporte de cargas ainda mais eficiente. Esse tema foi amplamente discutido em diversos momentos ao longo do processo de renovação, de modo a incorporar da maneira mais abrangente possível as necessidades de modernização da infraestrutura ferroviária existente.
O Espírito Santo se beneficiará significativamente da aprovação da renovação antecipada da concessão, conforme debatido com diversas entidades no Estado. Com base nos estudos de demanda, que são parte integrante do processo de renovação, estima-se um aumento de 63% no volume de cargas movimentadas no Espírito Santo, através de fluxos de importação e exportação, por onde a VLI movimenta cargas como grãos, farelo, fertilizantes, celulose, além de insumos e produtos acabados da indústria siderúrgica.
Por meio do Corredor Leste da FCA, a companhia transporta anualmente cerca de 16,7 milhões de toneladas por ferrovia e movimenta 16,2 milhões de toneladas nos portos capixabas.