Economia

Finanças dos municípios capixabas: queda do ICMS contribui para redução de receitas em 2013

Números registrados pelo Tribunal de Contas do Espírito Santo estão reunidos em anuário que está em sua vigésima edição. Verbas de saúde e educação não sofreram gastos significativos

Segundo anuário, no ano passado as cidades do ES sofreram uma perda de receita de R$ 628,6 mi Foto: ​

A queda das alíquotas do ICMS cobradas nas operações interestaduais sobre os produtos importados de 12% para 4% impactou diretamente os municípios capixabas em 2013. Segundo dados do Anuário “Finanças dos Municípios Capixabas”, no ano passado as cidades do Espírito Santo sofreram uma perda de receita de R$ 628,6 milhões em relação a 2012.

A receita corrente, proveniente dos recursos como os impostos e as transferências da União e do Estado, sofreu queda deR$ 375,7 milhões; já as receitas de capital – advindas de operações de crédito, transferências voluntárias de recursos para investimentos ou venda de bens imóveis – acumularam uma perda de R$ 254,3 milhões.

Dos 76 municípios cujos dados foram contemplados no levantamento, apenas 11 não sofreram perdas e apenas um obteve um crescimento superior a 10%: a cidade de Marataízes, com acréscimo de renda em 24,8%, devido ao aumento no recebimento de royalties de petróleo e gás natural. Os demais municípios com resultado positivo foram Alfredo Chaves (6,1%), Barra de São Francisco (5,9%), Pedro Canário e Rio Novo do Sul (4,3%), Domingos Martins (3,4%), Marilândia (3,3%), Irupi (0,8%), Anchieta, Santa Leopoldina e Pancas (0,4%). 

Dentre os que registraram queda, as mais acentuadas foram verificadas também em 11 municípios: Itarana (19,9%), Ibiraçu (16,5%), Vitória (14,7%), São José do Calçado (13,1%), Atílio Vivácqua (12,3%), Rio Bananal (11,9%), Águia Branca (11,8%), Venda Nova do Imigrante (11,2%), Bom Jesus do Norte e Serra (11%) e Brejetuba (10,7%).

A capital capixaba sofreu a maior perda em termos de montante, com recuo de R$ 236,2 milhões, seguida pelo Município de Serra, com recuo de R$ 105,7 milhões. A terceira maior queda foi a de Linhares, de R$ 44,4 milhões.

Investimento em educação e saúde 

Mesmo com a redução da receita, os recursos direcionados para educação e saúde nos municípios ficaram estáveis, com uma leve redução de 0,2% e 0,3%, respectivamente. No total, foram investidos R$ 2,70 bilhões em educação e R$ 1,73 bilhão em saúde, o que correspondem a 31,9% e 20,5% da despesa total em 2013.

Em relação às despesas com educação. As informações do Anuário mostram que 42 reduziram gastos; em 13 deles essa redução foi superior a dois dígitos. As maiores quedas ocorreram em Brejetuba (-24,8%), Conceição do Castelo (-20,6%), Fundão (-19,8%), Atílio Vivácqua (-19,2%) e Governador Lindenberg (-17,8%). 

Presidente Kennedy se destacou com o maior crescimento em termos relativos (38,8%), Esse aumento expressivo foi causado pela recomposição da despesa após o trabalho de auditoria nos contratos com fornecedores, durante a intervenção judicial em 2012, que acabou causando uma forte redução na realização dos gastos. Outras cidades também acresceram investimentos expressivos na área educacional: Iconha (18,2%), Mucurici (16,1%), Ibitirama (15,8%) e Irupi (15,4%). 

Mesmo apresentando uma queda real de 0,3% em 2013, o que representou uma redução de R$ 6 milhões, Devido a redução das receitas, o percentual destinado à saúde aumentou de 19,6%, em 2012, para 20,9%. 
Mesmo com um cenário de contenção, alguns municípios conseguiram elevar significativamente seus gastos com saúde. Destacam-se nesse caso os incrementos de Serra (R$ 13 mi), Colatina (R$ 7,2 mi), Domingos Martins (R$ 6,7 mi), Vitória e Itapemirim (R$ 6 mi) e Linhares (R$ 5,3 mi).

Outras 41 cidades realizaram cortes nas despesas com saúde, cinco delas acima de 20%: Itarana (31,1%), Conceição do Castelo (25,3%), Alto Rio Novo (23,5%), Água Doce do Norte (22%) e Vila Velha (21,5%).