O segundo painel do 7º Encontro Folha Business apresentou e discutiu o que o setor privado espera de 2022 no cenário econômico brasileiro que tem, no seu horizonte, um ano de definições eleitorais.
Participaram da troca de ideias Sérgio Tristão, presidente da Tristão Comércio Exterior e da Realcafé; Rodrigo Dessaune, CEO da ISH Tecnologia; Fernando Carreira, presidente do Grupo Autoglass. O bate-papo foi mediado por Alexandre Borborema, head de Fusões e Aquisições da Apex Partners.
Borborema iniciou o debate pontuando que o mercado de capitais teve em 2021 números favoráveis para a realidade brasileira mas que poucos usufruíram. “Esta é uma festa muito privada. Poucas empresas conseguem ter acesso a essas soluções sofisticadas. No Brasil, temos 400 empresas no mercado de ações enquanto nos Estados Unidos são mais de seis mil”, apontou.
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Dessaune, representante da maior empresa de segurança em tecnologia em atividade no Brasil, explicou as dificuldades de aderir ao mercado de capitais porque ainda é necessário romper a desconfiança do investidor tradicional. “O segmento de software e serviços é muito difícil de se explicar para um banqueiro. Você investe milhões de reais no desenvolvimento de um software e não há nada para se dar em garantia. Só há um código que o mercado pode aceitar ou não”, explicou.
A empresa até ensaiou um pedido de entrada na bolsa de valores mas, após setembro de 2021, a decisão teve que ser repensada. “O mercado ficou ácido, a inflação subiu muito, o câmbio estava alto. As ações que mais caíram foram as de tecnologia, com queda de 50%. Então, a gente resolveu dar um passo atrás mas manter o registro junto a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)”, relatou. Ele diz que a companhia aguarda um período mais vantajoso para ingressar na B3, a bolsa de valores brasileira. Mas só o fato de se registrarem na CVM lançou uma percepção nova do mercado em relação à ISH.
Papel da tecnologia no negócio
O presidente da Autoglass, Fernando Carreira, lembrou que a tecnologia está cada vez mais presente em todos os segmentos da empresa e que isso representa um desafio no momento de contratação de novos funcionários.
“Nossos processos e aplicações em tecnologia são próprios. Nossa grande dificuldade, hoje, é a mão de obra. Se fala tanto num país com muito desemprego mas, todos os meses, em média, pelo menos temos 20 vagas em tecnologia, mas não conseguimos preencher. A ponto de que 10% da nossa equipe de desenvolvimento não está baseada em Vitória. Nós temos colaboradores na Bahia, interior de Minas Gerais, interior do Espírito Santo porque não temos mão de obra suficiente. Não é problema exclusivo daqui, isto é cenário geral, está no mundo inteiro”, apontou.
Carreira destacou que a solução encontrada é investir em capacitação. “Temos um centro de capacitação e financiamos a certificação do nosso time de tecnologia. E conseguimos atrair esse profissional porque temos um plano de carreira. Resumindo, esse ano de 2021 o desafio foi a aquisição de mão de obra qualificada”, destacou.
Com uma empresa de um histórico no mercado capixaba de mais de 80 ano, no segmento de café, Tristão apontou que a evolução tecnológica é fundamental no negócio. Mesmo num segmento muito ligado ao agronegócio. Ele começou falando que o desenvolvimento científico colaborou para o aprimoramento das espécies de café.
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Ao longo dos anos, nós reduzimos o tamanho das áreas de ocupação do parque cafeeiro mas aumentamos em três vezes a capacidade de produção. Essa revolução na cafeicultura fez que os exportadores e a indústria de solúvel corressem atrás para crescer também. Nossa empresa foi criada na época em que era introduzido o café conilon no Espírito Santo. A expectativa era de produzir 100 mil sacas anuais. Hoje, o Estado tem capacidade de produzir mais de 15 milhões de sacas. A empresa consegue produzir 400 mil sacas por ano. Nesse contexto, exigiu-se muita tecnologia”, explicou.
Encontro Folha Business
O projeto começou em 2020 e, desde então, já foram realizadas sete edições do Encontro Folha Business. O evento sempre conta com a presença de lideranças nacionais em política e mercado.
Nas seis edições anteriores, os encontros reuniram executivos e sócios das principais empresas, além de representantes da esfera pública do Espírito Santo, para sessões de conteúdo e debate com grandes nomes da iniciativa pública e privada do Estado e do país.
Na sétima edição do evento, que aconteceu na noite desta sexta-feira (11), lideranças políticas e econômicas discutem as expectativas para o ano de 2022.
O primeiro painel teve como tema “O mercado e as contas públicas: quais as perspectivas para o Brasil?”. Participaram deste painel o economista-chefe da Apex Partners, Arilton Teixeira, e o chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida.
Já o terceiro painel discutiu as ideias da chamada “terceira via” das eleições deste ano. O painel contou com a participação do ex-juiz e pré-candidato à Presidência da República, Sérgio Moro (Podemos). A discussão foi mediada pelo editor-chefe da Apex Partners e colunista do Folha Business, Luan Sperandio.
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O tema desta edição do Encontro Folha Business é “O que esperar de 2022?”. O sócio e CEO da Apex Partnes, Angelo Dalla Bernardina, começou o evento lembrando que a economia é um ponto importante para o país, em especial, em anos eleitorais.
“A economia do país está bastante associado ao ambiente político. Vamos contar com importantes figuras do âmbito privado e público para debater o que se espera para este ano que ingressamos”, destacou.
Ele lembrou ainda que todos os presidenciáveis foram convidados para os próximos encontros Folha Business que serão realizados ao longo do ano.
Entre os participantes das edições anteriores estão o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas; o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco; o ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho; o ministro das Comunicações, Fábio Faria, e o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos.