*Artigo escrito por Eric Alves Azeredo, advogado atuante na área do Esporte e do Entretenimento, Pós graduado em Direito do Trabalho e Membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão do IBEF-ES.
Nos últimos anos é notório o crescimento exponencial de empresas que buscam patrocinar o futebol feminino, mostrando, com isso, que a modalidade já é uma realidade no Brasil.
É o caso da Visa, já consolidada no segmento esportivo, que se tornou a pioneira em apoiar globalmente a plataforma da Fédération Internationale de Football Association (Fifa), num programa de desenvolvimento comercial exclusivamente voltado para o futebol feminino mundial.
Outras empresas, como a Adidas, que ampliou a parceria com a União das Federações Europeias (Uefa), e a TIM, empresa de telefonia, começaram a atuar diretamente em clubes, associações e competições internacionais.
Mesmo que ainda seja necessária maior participação de grandes empresas no futebol feminino, é perceptível uma evolução nesse sentido.
Quatro marcas de cuidados pessoais da Unilever são patrocinadoras master da Copa do Mundo Feminina de 2023, em acordo feito com a Fifa.
Além disso, a entidade máxima do futebol mundial divulgou que houve um aumento de 300% nos prêmios para essa edição da Copa do Mundo, quando comparada à última edição realizada na França em 2019.
A premiação mínima será de US$ 30 mil para todas as jogadoras inscritas na Copa do Mundo de 2023 e haverá investimento de cerca de US$ 1 bilhão na modalidade esportiva nos próximos quatro anos (2023-2026).
Vale ressaltar um exemplo claro de sucesso nos patrocínios do futebol feminino envolvendo a jogadora brasileira Marta, melhor jogadora do mundo por seis vezes e considerada uma das 100 brasileiras mais influentes.
Nas entrevistas realizadas com a jogadora, dentro e fora do campo, Marta frequentemente aparecia usando batons de uma marca de cosméticos, numa campanha promocional que destacava o fato de o produto permanecer por longo tempo sem desaparecer dos lábios, mesmo em condições severas. Esse fato ocorrido na Copa do Mundo de 2019 resultou em aumento de vendas para a empresa de cosméticos e um enorme problema judicial, pelo fato de a Fifa não permitir qualquer propaganda, além das oficiais do torneio.
Após a Copa do Mundo de 2019, a França, palco da realização do evento, registrou um crescimento direto e indireto de aproximadamente R$ 1,7 bilhão no Produto Interno Bruto (PIB).
Uma das mais recentes novidades de patrocínio na Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023 é a entrada da Jacob’s Creek Wines, marca de vinhos australianos, no grupo de patrocinadores oficiais do evento.
O sucesso é tanto que a Football Australia e a Federação da Nova Zelândia descartaram o apoio da Arábia Saudita, que estava disposta a investir milhões de dólares no torneio, por se tratar de uma ironia receber o apoio de um país cujas mulheres sauditas não podem ter um emprego sem a permissão de seu responsável masculino.
Parece que as empresas estão se conscientizando sobre a evolução do futebol feminino no país e no mundo, e espera-se que essa conscientização coloque o esporte em lugar de destaque no cenário internacional.