Após dez dias de paralisação dos trabalhadores do Terminal Portuário de Vila Velha (TVV), o prejuízo causado pela greve aos exportadores de rochas ornamentais do Espírito Santo foi de aproximadamente R$ 5 milhões. O montante foi contabilizado até a última quarta-feira (19).
De acordo com empresários do setor, é pelo Estado que sai 96% das rochas ornamentais exportadas pelo país. Eles alegam que, sem a atracação de navios no porto, não há como da continuidade à atividade, que proporciona um faturamento médio anual superior a R$ 3 bilhões.
“[Esse prejuízo] envolve todos os valores que estamos perdendo nisso: custos adicionais, multas e uma série de coisas que vão se agregando em função de você não exportar um material que já está pronto para exportação”, ressaltou a superintendente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas), Olívia Tirello.
Por mês, segundo os empresários, aproximadamente 3,7 mil contêineres saem do TVV. Com a paralisação dos portuários, pelo menos, 1,2 mil não foram embarcados, e outros 1 mil estão parados nos pátios das empresas.
Nesse caso, a alternativa tem sido transportá-los de caminhão para o Rio de Janeiro. Mas aí, surge um outro problema: o aumento no preço do frete. “Até antes da greve, nós tínhamos um valor, por exemplo, de um caminhão levando um contêiner para o Rio em torno de R$ 2,8 mil. Hoje a gente já pagaria R$ 4,8 mil”, explicou Tirello.
Greve
De acordo com o Sindicato Unificado da Orla Portuária do Espírito Santo (Suport-ES), a greve, que teve início no último dia 11, conta com a adesão de 220 dos 350 portuários que atuam no Terminal Portuário de Vila Velha. Segundo o presidente do sindicato, Ernani Pinto, a categoria quer melhorias salariais e na escala de trabalho.
“Essa greve vem em torno de uma pauta de negociação coletiva, desde março de 2016, e em razão também da perda econômica. Mas o que está mais afligindo os trabalhadores, além da perda, é a escala de trabalho, que foi imposta pelo TVV de forma unilateral e que traz um prejuízo para os trabalhadores, em média, de R$ 500 a R$ 600, alguns chegando até a R$ 900”, destacou.
Segundo o Tribunal Regional do Trabalho do Espírito Santo (TRT-ES), o processo de dissídio coletivo está em tramitação na Casa. No entanto, o sindicato dos portuários afirma que as negociações com os empresários estão paradas.
“Eles devem ter entrado com um dissídio de natureza unilateral, mas a regra hoje define que tem que ser de natureza bilateral. Então não há concordância nossa, porque nós oferecemos [uma proposta] antes de que ele impusessem essa nova escala, nem imaginando que eles assim pudessem fazê-lo. E eles não aceitaram o dissídio apenas para a questão da reposição salarial. Uma semana depois, eles então implantam essa escala e agora vêm tentando uma discussão de uma forma praticamente inatingível para os trabalhadores”, protestou o presidente do Suport-ES.
Por meio de nota, o TRT-ES informou que o processo de dissídio coletivo já está em andamento e uma audiência de conciliação será marcada pela presidência. No entano, a data ainda não está definida.
Por meio de nota, o Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex) disse estar preocupado com os prejuízos sofridos pelo comércio exterior. Por causa disso, o sindicato informou que está preparando uma carta para o governador Paulo Hartung e para o secretário estadual de Desenvolvimento, José Eduardo Azevedo, relatando os prejuízos da greve para as empresas e para a sociedade como um todo.