*Artigo escrito por Pedro Henrique Mariano, MBA em Controladoria e Finanças, consultor e executivo de Controladoria, Planejamento, Finanças, Orçamento, Resultado e Processos e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Economia do IBEF-ES.
O agronegócio, no decorrer das últimas décadas no Brasil, se tornou um dos pilares da economia, sendo constituído por uma cadeia de produção alimentar que engloba não somente a agricultura, a pecuária e a indústria, mas também a comercialização dos produtos resultantes. Ainda, é possível incluir o manejo de florestas e o extrativismo vegetal.
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Dada a complexidade envolvida, é possível avaliar que os três setores da economia estão contemplados:
1) Primário: produção agrícola e pecuária;
2) Secundário: agroindústrias com produção e processamento em larga escala;
3) Terciário: distribuição e comercialização dos produtos.
O comércio de produtos que apoiam o agronegócio cresce em conjunto, a exemplo dos negócios de sementes, agrotóxicos, adubos e outros insumos agrícolas. Os bancos apoiam as empresas com produtos e serviços financeiros, como mecanismos de investimentos para o desenvolvimento produtivo e tecnológico do agronegócio.
A tecnologia é aliada imprescindível para que a eficiência produtiva acompanhe a demanda de consumo e o crescimento econômico. É interessante analisar algumas aplicações práticas que apoiam o agronegócio:
1. Agricultura de precisão: sensores e até mesmo satélites permitem um mapeamento das áreas de interesse, apoiando a tomada de decisão com indicadores sobre os locais mais ou menos produtivos e a presença de pragas ou anomalias, que podem impactar os custos e os resultados da cultura;
2. Equipamentos autônomos e drones: máquinas e drones, controlados de forma remota, por exemplo, possibilitam a produção ou pulverização com monitoramento de toda uma propriedade em tempo real. Ainda, a captura de imagens e dados digitais permitem a geração de relatórios sobre o negócio;
3. Genética e biotecnologia: com apoio da ciência, é possível melhorar geneticamente culturas e animais que sejam mais resistentes a insetos, herbicidas e doenças. O objetivo é otimizar a produção e a capacidade de adaptação das espécies animais e vegetais.
O lado B da história
Mundialmente, não há uma distribuição dos produtos alimentares de forma que garanta a vitória no combate à fome. A ONU (Organização das Nações Unidas) publicou no ano de 2022 sobre o crescimento da fome no mundo, atingindo 9,8% de toda a população, gerando alerta de crise enquanto os números da produção alimentar crescem em paralelo.
Controlar os impactos ambientais é um grande desafio desse setor, como as batalhas contra o desmatamento e a contaminação do solo. Debates sobre mudanças climáticas são incluídos ao tratar do tema, considerando que o planeta precisa ter seus recursos naturais consumidos de forma sustentável.
Impactos sociais também são um ponto de atenção, considerando efeitos como êxodo rural, incerteza sobre possíveis doenças decorrentes da alimentação, conflitos agrários e aumento da concentração de renda. Esses aspectos sociais se misturam com a economia, pois tem o potencial de gerar desequilíbrios no ecossistema de negócios e do mercado de trabalho.
Busca pela sustentabilidade
A busca pela sustentabilidade, defendida pela ONU (Organização das Nações Unidas), determinou 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) para a Agenda 2030, que abordam os principais desafios enfrentados pelas pessoas em todo o mundo.
O objetivo “Fome zero e agricultura sustentável” é o mais diretamente relacionado com o agronegócio, sendo uma pauta obrigatória para a manutenção da segurança alimentar a nível internacional.
Fonte: ONU
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) entende que, no futuro, “as sinergias e interdependências do nexo água-energia-alimento irão elevar a necessidade de planejamento, implementação, monitoramento e integração de políticas econômicas, sociais e ambientais.”
O Ministério da Agricultura e Pecuária realizou projeções para o setor, do ano de 2023 até 2033, com uma taxa de crescimento na produção agrícola de 2,4% ao ano e um aumento de aproximadamente 10% da área (em hectares) de todas as lavouras plantadas. A produção de carnes no decênio (bovina, suína e aves), deverá aumentar um total de 22,4%.
Além disso, a ONU reconheceu, em uma Convenção das Nações Unidas, cujo tema era Mudança do Clima, a importância do Brasil na segurança alimentar da humanidade. Assim, o agronegócio do país ganha destaque e aumenta sua importância no contexto global das mudanças climáticas para a diminuição dos impactos ambientais.
Segundo Johannes Zutt, Diretor do Banco Mundial para o país, “o Brasil é um ator importante tanto no meio ambiente global quanto no sistema de produção de alimentos, e o Cerrado é uma potência agrícola. A viabilização de investimentos sustentáveis será fundamental para garantir a segurança alimentar sem esgotar os recursos naturais do bioma”.
O futuro não consiste em desacelerar a produção agrícola e pecuária para mitigar os aspectos negativos envolvidos no agronegócio, mas sim acelerar os investimentos em busca de aumentar cada vez mais a produção com crescimento da economia, gerando cada vez menos impactos.