Artigo Ibef-ES

Ataques cibernéticos e o impacto na saúde dos negócios

O que torna o nosso país um alvo tão atraente? Uma das principais razões está vinculada à cultura de reação tardia

Foto: Freepik
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*Artigo escrito por Juliana Frasson, empreendedora, consultora empresarial, mentora profissional e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão de 2024 do IBEF-ES.

O Brasil pode ser considerado a “galinha dos ovos de ouro” dos cibercriminosos. Em 2024, pelo quinto ano consecutivo, o país ocupa o primeiro lugar na América Latina e a segunda posição global no ranking de invasões, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, de acordo com a CNN Brasil e o Olhar Digital.

Segundo a Fortinet, apenas no primeiro semestre deste ano, o aumento das tentativas de ataque foi de 30% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em 2022, foram registradas 3,5 bilhões de tentativas de invasão.

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O que torna o nosso país um alvo tão atraente para ataques cibernéticos? Uma das principais razões está vinculada à cultura de reação tardia.

As empresas brasileiras, em sua maioria, preferem remediar problemas de segurança digital apenas quando eles estão afetando seus resultados, evitando investir preventivamente.

Essa mentalidade do “resolver depois” cria um terreno fértil para os cibercriminosos, que exploram vulnerabilidades em sistemas desatualizados e sem medidas mínimas de proteção. Assim o impacto financeiro destas invasões é devastador.

Ataques cibernéticos: impactos para as empresas

Em 2023, o custo médio de uma violação de dados no Brasil atingiu R$ 7,2 milhões, conforme levantamento da IBM, um aumento de 27% em relação a 2022. Além disso, as multas relacionadas a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) agravam a situação.

Para pequenas e médias empresas, o cenário é preocupante: a Abranet aponta que 60% das PMEs que sofrem ataques cibernéticos fecham suas portas em até seis meses (2024), uma vez que os dados são perdidos o prejuízo as operações bem como e a situação financeira são devastadores.

Prejuízos para a sociedade

Os prejuízos não se restringem às empresas. A sociedade também acaba pagando o preço através dos impactos na empregabilidade e na economia. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que, em 2022, cerca de 120 mil postos de trabalho foram perdidos direta ou indiretamente como consequência dos ataques cibernéticos.

Empresas que inicialmente planejavam expandir e inovar foram forçadas a redirecionar recursos para conter os danos, adiando projetos e congelando contratações.

A pesquisa da PWC Brasil de 2023 revela que quase metade (48%) das empresas brasileiras tiveram que adiar seus planos de expansão devido a ataques cibernéticos.

Por consequência, esta cadeia afeta também o consumo. O encerramento dos negócios e as demissões dos funcionários, por exemplo, reduzem o poder de compra da população.

Há soluções, no entanto, que podem reverter este quadro. A primeira delas é a conscientização sobre a gravidade do problema.

De acordo com a empresa RedeMetro, mais de 70% dos ataques cibernéticos no Brasil em 2023 exploraram falhas já conhecidas, que poderiam ter sido evitadas com medidas simples, como a atualização de softwares e o uso de sistemas de segurança adequados.

Ou seja, boa parte do problema está nas mãos das próprias empresas. Outro fator essencial é o investimento em infraestrutura digital de qualidade.

Ferramentas evitam vulnerabilidade

Ferramentas como firewalls de última geração, monitoramento contínuo de rede e soluções de backup em nuvem são diferenciais para evitar vulnerabilidade.

Portanto, a resposta está em transformar a mentalidade de remediação em prevenção, com investimentos adequados e conscientização, tirando assim o Brasil da posição de alvo prioritário.

Fomentar a cultura de incentivo a segurança cibernética permitirá não apenas a prosperidade dos negócios, bem como o desenvolvimento da economia do país.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

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