Economia

Breves comentários sobre o Drex, a moeda digital brasileira

O real digital poderá ser acessada via carteira digital sob responsabilidade de bancos ou instituições financeiras autorizados pelo Banco Central

Foto: Montagem / Folha Vitória

*Artigo escrito por Hugo Paradella Albertino, economista, especialista em finanças corporativas com MBA em Investimentos e Mercado Financeiro, com sólida experiência na área financeira. Atuação no mercado financeiro e em tesourarias corporativas de grandes companhias dos setores de transporte, logística e varejo. Membro do IBEF Academy.

Em meados de agosto do ano passado, o Banco Central do Brasil batizou seu projeto de real digital de Drex. 

Esta nova moeda digital é uma CBDC, que é a sigla para Central Bank Digital Currency – ou Moeda Digital Emitida por Banco Central, ou seja, uma moeda digital oficial, criada e regulada por um Banco Central.

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O Drex nada mais é do que a representação virtual do real em cédulas, o dinheiro físico. 

Além disso, o dinheiro virtual será garantido pelos mesmos fundamentos econômicos que determinam o valor e a estabilidade do real, ou seja, um real físico e um real digital representam a mesma coisa, só que em ambientes tecnológicos diferentes, um de maneira física e outra em maneira totalmente digital.

Desta forma, é fácil confundir o real digital com uma criptomoeda. E, apesar de serem originadas pelo mesmo princípio que é a blockchain, a principal diferença se dá pelo fato do Drex ser emitido, regulado e custodiado pelo Banco Central, enquanto as criptomoedas são criadas por empresas privadas, não possuem regulação por um governo e sua custódia é totalmente descentralizada. Portanto, o real digital não pode ser considerado uma criptomoeda.

A moeda digital brasileira poderá ser acessada por meio de uma carteira digital sob responsabilidade de bancos ou instituições financeiras autorizados pelo Banco Central. 

Mas apenas instituições financeiras, irão acessar diretamente o sistema Drex junto ao Banco Central, assim como acontece hoje com o dinheiro físico, ou sistema Pix. 

Já os usuários finais terão acesso a versões intermediadas por bancos e instituições financeiras, o chamado “Real tokenizado”. 

Entre os casos de uso pensados estão: troca de titularidade de veículo pelo celular; compra de pequenas participações de imóveis fracionados em tokens; empréstimos mais abertos e baratos com uso de finanças descentralizadas (DeFi), que poderiam até incluir crédito entre pessoas.

Além do Brasil, outros países estão criando suas próprias moedas digitais, algumas estão em fase de testes, como por exemplo a Índia e o Japão. 

E se por um lado há muita expectativa e promessas de evolução com estas novas plataformas, por outro os desafios para o uso e aceitação ampla das CBDCs vão muito além da barreira de entendimento desta inovação.

A evolução da implementação destas tecnologias representa uma narrativa que merece acompanhamento próximo, cuja os desdobramentos têm o potencial de impactar substancialmente o sistema financeiro, e o ambiente de negócios de maneira geral.

Erika Santos, editora-executiva do Folha Vitória
Erika Santos Editora-executiva
Editora-executiva
Jornalista formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), com MBA em Jornalismo Empresarial e Assessoria de Imprensa.