*Artigo escrito por Lucas de Souza do Rosário, contador, especialista em Investimentos, Mercado Financeiro e Planejamento Financeiro Pessoal e Familiar e membro do IBEF Academy.
Nunca na história foi tão simples obter informações como na era que vivemos atualmente. O conhecimento desejado está ao alcance a apenas um clique de distância.
No entanto, toda essa facilidade de aprender sobre diversos temas parece não surtir efeito quando se trata da saúde financeira dos brasileiros.
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De acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo em 2023, a cada 10 famílias, 8 estão endividadas. Além disso, a inadimplência aumentou de 29,2% em junho para 29,6% em julho do mesmo ano.
Acontece que, quando se trata de finanças, não podemos levar em consideração apenas números e racionalidade. Somos guiados por manias e emoções que influenciam diretamente as decisões financeiras.
Nossas crenças em relação ao dinheiro começam a se formar na infância, quando somos ensinados por nossos pais, amigos, parentes, líderes religiosos e outros influenciadores. Muitas vezes, ouvimos afirmações como: “Os ricos são gananciosos, criminosos e desonestos”, “Os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres” ou “Não temos dinheiro para isso”.
O problema é que essas frases ficam gravadas em nosso subconsciente, levando-nos a desenvolver o hábito de gastar todo o dinheiro que ganhamos, afinal, ninguém quer ser associado a algo tão negativo.
A consequência disso é que a maioria das pessoas não desenvolve a mentalidade necessária para acumular e administrar grandes quantidades de dinheiro, nem para enfrentar os desafios que a riqueza e o sucesso podem trazer.
Conforme Charles Duhigg, autor do livro “O Poder do Hábito,” explica, os hábitos são formados em um ciclo de três partes: a deixa, a rotina e a recompensa.
A deixa é o gatilho inicial, que pode ser algo como as frases negativas que ouvimos sobre dinheiro.
A segunda parte é a rotina, que envolve a ação ou comportamento desencadeado pela deixa, como as compras impulsivas.
Por último, temos a recompensa, que é o resultado ou benefício obtido após a rotina, como a sensação momentânea de felicidade ao gastar.
Um bom exemplo é o das pessoas que ganham na loteria ou em programas de reality shows. Grande parte desses sortudos acabam retornando ao seu estado financeiro original, ou seja, à quantidade de dinheiro com a qual se sentem mais confortáveis.
Luiz Fernando Gevaerd, especialista em Direito da Família, afirma que a questão econômica é a segunda maior causa de separação, abrangendo desde dificuldades financeiras até as diferentes maneiras de cada parceiro lidar com o dinheiro.
Gustavo Cerbasi, autor do livro “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos,” identifica cinco perfis financeiros: Poupador, Gastador, Descontrolado, Desligado e Financista.
Os poupadores reconhecem a importância de economizar e não têm problemas em restringir gastos.
Os gastadores acreditam que devem aproveitar o hoje, pois o amanhã é incerto.
Os descontrolados não têm noção precisa de quanto dinheiro entra ou sai.
Os desligados gastam menos do que ganham, mas não monitoram suas finanças.
Por fim, os financistas são rigorosos na gestão de despesas e economizam de forma consistente.
Em um mundo onde a informação está facilmente acessível e a saúde financeira das famílias brasileiras continua ruim, é crucial reconhecer a influência de hábitos e mentalidade na gestão do dinheiro.
Para enfrentar esse desafio, é importante nos educar financeiramente, modificar hábitos prejudiciais e falar abertamente sobre finanças nos relacionamentos para evitar conflitos e tomar decisões mais conscientes.