*Artigo escrito por Elimar Fardin Lorenzon, engenheiro de Produção pela Ufes e MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Atua com Pricing e Projetos na VIX Logística. Associado Alumni do IBEF Academy,
Em 2006, a descoberta de reservas de petróleo nas camadas do pré-sal abriu portas para que o Brasil entrasse no radar mundial de produção desse recurso.
Em função de um alto potencial de produção, a Petrobras redirecionou seus investimentos para os campos e blocos em águas profundas e ultra profundas, retirando energia nas áreas de campos maduros, campos terrestres e águas rasas, cujas produções eram consideravelmente menores, causando um abalo na economia de cidades onde predominava esse perfil de indústria.
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Apesar da menor produção, esses campos ainda se mostravam economicamente viáveis, sendo nesse ponto que o setor privado desempenhou um papel crucial.
Não é surpreendente encontrar grupos que condenam o uso de petróleo e gás como fonte de energia ou que defendam a primazia da Petrobras, uma empresa de economia mista, na exploração e produção desses recursos.
Contudo, mais da metade da matriz energética global continua dependente dessas fontes. Empresas do setor e instituições, como o BNDES, sustentam que a demanda por combustíveis fósseis persistirá, pelo menos até 2030.
Para impulsionar essa indústria, são necessários constantes investimentos e acúmulo de capital, sendo a propriedade privada essencial para manter esse fluxo econômico.
No cenário recente, foi possível observar grandes oscilações nos preços dessa commodity em função da crise sanitária, que alterou a curva normal da demanda.
No Brasil, um marco relevante, que já vinha acontecendo antes de 2020, foi a série de desinvestimentos da Petrobras, que monopolizava grande parte da produção.
Além da entrada de novos players offshore, como Shell e Equinor, aumentando a competitividade do segmento, também se observou o processo de venda pela Petrobras de campos maduros (aqueles que já não produzem um volume significativo), em outros campos terrestres e em águas rasas, que, comparados ao pré-sal, são menos rentáveis para a petroleira estatal.
Nesse contexto, a Petrobras concentra sua estratégia onde os lucros são potencialmente maiores. Os campos maduros e menores, predominantemente localizados desde o norte do Espírito Santo até o Nordeste, perderam atenção e recursos financeiros.
Esse reposicionamento leva à obsolescência de muitos poços, que, para continuar produzindo, exigem investimentos em capital, injeção de vapor, gás e outras intervenções.
Sem essa atenção, empregos diretos se tornam dispensáveis, os ativos e instalações entram em desuso e toda a rede de fornecedores é afetada.
Entretanto, nesse cenário, empresas menores, as chamadas ‘junior oils’, provenientes de investimentos privados, ganham espaço e relevância ao se mostrarem interessadas nessas operações.
Vale reforçar que, mesmo para a produção em menor escala, a aplicação de capital intensivo é essencial. O acúmulo de capital e a propriedade privada possibilitaram a entrada dessas empresas e a continuidade das operações.
Além disso, a propriedade privada fomenta a competição para explorar e produzir petróleo e gás de forma mais eficiente e com menor custo.
O resultado da entrada dessas novas operadoras, que ainda vem acontecendo, é bastante satisfatório: segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a produção dos campos maduros vendidos aumentou em quase 200% entre 2021 e o início do ano passado.
Isso implica em maior produção, continuidade na geração de empregos, estímulo à concorrência e redução nos custos de produção, gerando benefícios significativos para os consumidores e o desenvolvimento econômico.
No Espírito Santo, a presença da Karavan, cujo capital estrangeiro da Noruega permitiu a continuidade das operações e investimentos na perfuração de novos poços, exemplifica o impacto positivo do setor privado. De forma similar, empresas como a 3R Petroluem e Petrorecôncavo passaram a atuar em campos antes pertencidos à Petrobras, no Nordeste.
Em conclusão, a propriedade privada desempenha um papel fundamental ao proporcionar a revitalização da indústria do petróleo e gás.
Por meio do acúmulo de capital e investimentos intensivos, empresas privadas são capazes de impulsionar essa indústria e garantir seu fluxo contínuo.
A entrada de novos players e a competição no livre mercado têm conduzido ao desenvolvimento de campos maduros e menores, resultando em um aumento significativo na produção.
Isso não apenas garante empregos e impulsiona o crescimento econômico, mas também promove eficiência e redução de custos, beneficiando os consumidores.
Portanto, a propriedade privada desempenha um papel crucial no setor de petróleo e gás, impulsionando seu crescimento e sustentando sua relevância.