Economia

Empreendedorismo verde: como unir lucro e sustentabilidade

Longe de ser um modismo ou movimento, o empreendedorismo verde é uma filosofia de vida e vital para as gerações futuras

Foto: Freepik
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*Artigo escrito por Eric Alves Azeredo, professor, executivo, advogado, CEO da AZRD e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão de 2024 do IBEF-ES.

A palavra “empreendedorismo” está intimamente ligada à capacidade de identificar as necessidades do mercado e desenvolver soluções para elas. Embora esse conceito se pareça com o de inovação, há diferenças marcantes entre empreender e inovar.

No livro “Capitalismo, Socialismo e Democracia”, a obra mais famosa do teórico austríaco Joseph Schumpeter, de 1942, o autor explicou que o empreendedorismo está diretamente ligado ao processo inovador.

Empreendedorismo verde: produção e gestão

Segundo o economista franco-irlandês Richard Cantilon, considerado o pai da economia moderna, e Jean-Baptiste Say, defensor da concorrência e do livre comércio, um empreendedor precisa ser capaz de produzir, gerir e assumir riscos inerentes ao negócio.

Atualmente identifica-se nove tipos de empreendedorismo: social, de negócios, corporativo, feminino, individual, informal, digital, cooperativo e verde.

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Diante do quadro de destruição alarmante do meio ambiente, é extremamente importante tecer algumas considerações sobre o empreendedorismo verde, que alia lucratividade com a responsabilidade ambiental.

Sua principal característica é uma forma de gestão que não considera apenas números e metas, mas também as consequências que seus projetos, produtos e serviços podem trazer para o mundo.

Gestão humanizada

É a chamada gestão humanizada, que se preocupa não somente com o lucro, mas com o desperdício, a degradação ambiental, os colaboradores envolvidos, a comunidade no entorno da empresa, e os consumidores finais.

Esse tipo de empreendedorismo está sendo cada vez mais adotado pelas empresas que se preocupam com a sustentabilidade e tem crescido 7% ao ano, com um movimento de recursos de mais de US$ 60 bilhões.

Atualmente, o termo empreendedorismo verde vem ganhando força no meio empresarial, mas sua história remonta à década de 1990, quando organizações e empresas buscaram soluções inovadoras para combinar crescimento econômico com responsabilidade ambiental.

Transformação de desafios em oportunidades

O caso da Natura & Co pode servir de um bom exemplo para ilustrar o significado do termo empreendedorismo verde.

Segundo João Paulo Ferreira, presidente da Natura e CEO da Natura & Co América Latina, “o sucesso da empresa é baseado na transformação dos desafios socioambientais em oportunidade de negócios”.

Um dos diferenciais da empresa é o seu compromisso com a sustentabilidade em todas as etapas da cadeia produtiva. Desde 2007 a Natura é 100% carbono neutro, ou seja, compensa todas as emissões de gases de efeito estufa gerados pela fabricação, transporte e armazenamento de seus produtos.

O empreendedorismo verde se sustenta em três pilares: sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e viabilidade econômica.

Longe de ser um modismo ou movimento, é uma filosofia de vida e vital para as gerações futuras.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo