Economia

Liberalismo para não-liberais: conhecimento e transformação

É de suma importância que todas as esferas da sociedade tenham acesso aos princípios liberais, que os fatos e números sejam evidenciados e explicados

Foto: Freepik

*Artigo escrito por Rodrigo Bausen, contador, head comercial na boldtsoft sistemas, especialista em soluções de gestão para pequenas e médias empresas e membro do Ibef Academy.

No Brasil, atualmente muito se fala e muito se debate sobre temas como: liberdade, propriedade privada, economia de mercado, Estado de Direito e responsabilidade individual. Trata-se dos pilares fundamentais estabelecidos pela doutrina do liberalismo. 

Muito se fala sobre como estes itens são essenciais à prosperidade e à qualidade de vida dos indivíduos e da nação como um todo, o que é fato. 

Como aponta o Index of Economic Freedom, da Heritage Foundation, nações que respeitam estas instituições e garantem a preservação das mesmas possuem índices de desenvolvimento humano e econômico bem acima da média.

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Além disso, esta corrente traz consigo uma máxima que é essencial à manutenção de seus pilares que é a ideia de Estado Mínimo, ou seja, a intervenção do Estado deve ser mínima e em nenhuma hipótese deve ferir a liberdade individual.

Neste contexto, surgem no Brasil vários movimentos liberais, como o Movimento Brasil Livre (MBL), o Instituto Millenium, o Students For Liberty (SFL), entre outros, que se propõem a defender os ideais desta doutrina por meio de estudo, debates, criação de conteúdo, eventos segmentados, dentre tantas outras iniciativas positivas que, sem dúvidas, criam uma barreira protetora aos princípios liberais existentes na sociedade e fomentam a importância da liberdade para o sucesso de uma nação.

No entanto, há um ponto que de certa forma é nocivo à causa liberal, que retarda a propagação de suas ideias e a difusão de seus princípios, que é a concentração destes temas majoritariamente em meio aos liberais, majoritariamente em ambientes em que o público alvo já possui certo conhecimento prévio e pré-disposição para o assunto.

Obviamente que, para manter o grau de qualidade do debate e criar conteúdo e medidas que de fato impactem na sociedade, é imprescindível manter um grau elevado de conhecimento técnico e teórico. 

Porém, não menos importante do que isso, é necessário que estas ideias sejam incorporadas em ações que sejam capazes de difundir os ideais liberais nas camadas mais frágeis da sociedade, camadas essas que são as principais portas de entrada para o câncer do coletivismo, que pressupõe que o indivíduo não vale por si só e que precisa se submeter à ação coletiva ou pensamento coletivo em nome do “bem comum”, e do populismo, que normalmente estimula uma mobilização social em prol do governo, faz uso maciço da propaganda glorificando determinados políticos, utiliza símbolos e práticas para incitar os sentimentos dos eleitores, e recorre frequentemente a uma retórica que apela à luta de classes. 

Geralmente, indivíduos de camadas mais pobres da sociedade possuem necessidades não atendidas e carências materiais, situações que os tornam os alvos ideais para políticos e burocratas que se aproveitam da situação para “ajudar” e assim, buscar em troca a massa necessária para realização de seu principal objetivo, que é se manter no poder e ditar tudo o que os indivíduos devem ou não fazer.

É de suma importância que todas as esferas da sociedade tenham acesso aos princípios liberais, que os fatos e números sejam evidenciados e explicados para que os indivíduos se convençam de que não necessitam do Estado para prosperar, de que nada é mais importante do que a liberdade, de que cada indivíduo pode e deve ir em busca de sua felicidade e prosperidade sem sofrer represálias ou coerções. 

Os indivíduos e a sociedade precisam ter acesso a estes conhecimentos para que haja de fato uma transformação massiva na mentalidade e no posicionamento. 

O único meio com poder para tornar uma nação mais livre e próspera é o conhecimento, somente através dele é que podemos desconstruir todas as ideologias e bloqueios criados pelo Estado que travam o desenvolvimento de tanta gente.

Portanto, que continuem a crescer os movimentos que defendem a causa do liberalismo, que continuem a crescer movimentos que se opõe status-quo e lutam por melhorias, que continuem a crescer movimentos que prezam pelo Estado Mínimo, mas que, em meio a isso, sejam criadas metodologias capazes de propagar esse movimento para todas as camadas da sociedade, pois somente assim será possível vivenciar uma verdadeira transformação.