*Artigo escrito por Juliana Frasson, empreendedora, consultora empresarial, mentora profissional e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão de 2024 do Ibef-ES.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que o Brasil possua mais de 2 milhões de pessoas com autismo (2024), apesar de o país ainda não possuir estudos concisos sobre o tema.
Nos Estados Unidos, de acordo com o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), a prevalência de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) vem aumentando nos últimos anos.
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Em 2004, o número divulgado pelo CDC era de 1 caso a cada 166 nascimentos. Em 2012, esse número estava em 1 para 88. Já em 2018, passou a 1 caso em cada 59 nascimentos.
Com o aumento tão expressivo de casos diagnosticados, o que pode ser feito para viabilizar a inserção dessas pessoas, inclusive no âmbito profissional?
Estigma do espectro do autismo na sociedade
A OMS explica que os transtornos do Espectro do Autismo são um grupo de condições caracterizadas por algum grau de dificuldade com comunicação e interação social, além de padrões atípicos de atividades e comportamentos como seletividade alimentar, hiper ou hipossensibilidade sensorial, entre outros.
Assunto ainda desconhecido por grande parte da população, e interpretado como um “problema social”, o autismo, se tratado fora desta ótica, poderá se tornar o grande fomentador da neurodiversidade no país.
Inserção no âmbito profissional
Quando as pessoas decidirem aceitar que o autismo é apenas uma das muitas formas que nossa espécie apresenta em operacionalizar o cérebro, as coisas poderão começar a ser diferentes.
Adaptar práticas educacionais, escolares, políticas de emprego, ambientes corporativos e estruturas sociais para acomodar diferentes habilidades e necessidades permeará de fato a inclusão de indivíduos neurodivergentes.
Em um artigo publicado neste ano, via Linkedin, sobre empreendedorismo neurodiverso, Sarah Fernn menciona que 80% das pessoas autistas adultas com ensino superior estão fora do mercado de trabalho por diversos motivos.
Dentre esses motivos está o déficit de ações promovidas pelas empresas nas políticas de contratação, como adaptação dos programas de “Onboarding (boas vindas), treinamento dos gestores para adequação da metodologia de metas e dos membros das equipes para desenvolvimento de trabalhos.
Cada pessoa é única e com os autistas não seria diferente. Para ajudá-los a ter representatividade social, é de extrema importância compreender algumas das características desta condição.
O hiperfoco torna o autista capaz de concentrar-se de forma extrema em um assunto de seu interesse por tempo indeterminado, permitindo uma compreensão profunda em áreas de especialização. Isso pode alavancar de forma extraordinária o contexto empreendedor e tecnológico.
Oportunidades de trabalho e bolsas de estudo
Um exemplo bem-sucedido da interação neurodiversidade/empreendedorismo foi a criação da Starup Stardust Zone | Neurodiversidade e Inovação, que conecta pessoas neurodivergentes (autistas, TDAH, disléxicas, superdotadas, entre outras naturezas) a oportunidades de trabalho e bolsas de estudo.
Por fim, pessoas autistas, em seus diferentes níveis de suporte e peculiaridades, têm características e habilidades que certamente foram moldadas de forma a garantir seu sucesso no que quer que seja que elas se proponham a fazer.
Dar aos contextos econômico e social a possibilidade de serem melhorados adicionando a análise dos fatos as perspectivas únicas dos cérebros neurodivergentes certamente garantirá a continuidade da evolução humana.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.