Artigo Ibef-ES

Por que o bitcoin ainda não decolou após o halving?

A redução da taxa de mineração pela metade da moeda sempre gera grande expectativa entre investidores e entusiastas de criptomoedas

Foto: Marcelo Casal Jr | Agência Brasil.
Foto: Marcelo Casal Jr | Agência Brasil.

*Artigo escrito por Gil Andriani, CEO, fundador da IaCrypto e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Inovação e Tecnologia de 2024 do Ibef-ES.

O halving do bitcoin, ato que reduz a taxa de mineração pela metade e que ocorre aproximadamente a cada quatro anos, sempre gera grande expectativa entre investidores e entusiastas de criptomoedas.

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Historicamente, esse evento, que reduz pela metade a recompensa dos mineradores por bloco extraído, leva à diminuição da oferta de novos Bitcoins, o que, teoricamente, deveria aumentar o preço devido à escassez.

Contudo, o halving mais recente, ocorrido em 2024, ainda não resultou na alta esperada. Por que isso está acontecendo?

Macroambiente econômico desfavorável

Um dos principais fatores que freiam a ascensão do bitcoin pós-halving é o cenário macroeconômico global. O aumento das taxas de juros por bancos centrais, como o Federal Reserve dos Estados Unidos, tem limitado o apetite dos investidores por ativos de risco, como criptomoedas.

As altas taxas de juros tornam investimentos tradicionais, como títulos do governo, mais atraentes, desviando capital que poderia ir para o bitcoin. Além disso, a inflação e a desaceleração econômica global criam um ambiente de aversão ao risco.

Regulamentação incerta

O cenário regulatório para criptomoedas permanece incerto em muitas regiões. Nos EUA, debates sobre a regulamentação das exchanges e outros serviços relacionados ao bitcoin ainda geram insegurança.

Desta forma, a falta de clareza impede que grandes investidores institucionais se comprometam fortemente com o mercado, limitando o influxo de capital que poderia impulsionar o preço do bitcoin.

Impacto reduzido do halving

Embora o halving tenha sido historicamente um catalisador de alta, seu impacto pode estar diminuindo com o tempo. Em 2024, muitos investidores já haviam se preparado para o evento, e a expectativa foi parcialmente precificada antes de sua ocorrência.

Além disso, com o bitcoin inserido em mercados mais maduros, o efeito do halving tende a ser diluído por fatores como a sofisticação dos mercados e a presença de produtos financeiros que facilitam operações de venda a descoberto, o que contém as pressões de alta.

Concorrência no mercado de criptoativos

O crescimento de outros criptoativos e inovações no espaço blockchain também afeta o desempenho do Bitcoin. Investidores estão diversificando seu capital em alternativas como finanças descentralizadas (DeFi) e tokens não fungíveis (NFTs), que oferecem retornos mais rápidos.

Além disso, blockchains como Ethereum têm atraído atenção com inovações tecnológicas, como a migração para proof of stake, desviando capital que poderia ir para o bitcoin.

Questões de adoção e uso prático

O bitcoin ainda enfrenta desafios em relação à adoção generalizada. Sua utilidade como meio de troca permanece limitada, com muitas empresas relutantes em aceitá-lo como forma de pagamento.

Além disso, o uso do bitcoin como reserva de valor é questionado, especialmente devido à volatilidade do mercado. Enquanto essas questões não forem resolvidas, o bitcoin pode ter dificuldades para superar certas barreiras de preço.

O que esperar?

Embora o bitcoin não tenha decolado após o halving de 2024, muitos especialistas acreditam que a valorização pode ser apenas uma questão de tempo.

O mercado de criptomoedas, conhecido por sua volatilidade, pode demorar a reagir a eventos como o halving, devido a fatores macroeconômicos e regulatórios.

No entanto, se o ambiente regulatório se estabilizar e a economia global melhorar, o bitcoin pode experimentar uma nova fase de crescimento.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.