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SAF do clube Atlético Mineiro: um modelo inovador no futebol

O Atlético Mineiro se tornou o primeiro clube brasileiro a emitir debêntures FUT, marcando um momento histórico para o futebol nacional

Torcida do Atlético Mineiro. Foto: Pedro Click/Atlético Mineiro
Torcida do Atlético Mineiro. Foto: Pedro Click/Atlético Mineiro

*Artigo escrito por Eric Alves Azeredo, professor, executivo, advogado, CEO da AZRD e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão de 2024 do Ibef-ES.

Em julho de 2023, o Conselho Deliberativo do Clube Atlético Mineiro aprovou a mudança de estatuto para a venda, por R$ 913 milhões, de 75% das ações da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) para a Galo Holding, controlada pela família Menin, Ricardo Guimarães e dois fundos de investimento: o Fundo de Investimento do Galo (FIGA) e o Fundo de Investimento em Participações (FIP) Galo Forte.

Do montante de R$ 913 milhões, R$ 500 milhões foram aportados e o restante, abatido na dívida do clube com os próprios acionistas quando da construção de seu estádio, a Arena MRV, colocando o clube em outro patamar no cenário do futebol brasileiro.

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Menos de um ano após esse primeiro aporte, o Conselho Deliberativo do Atlético Mineiro aprovou um aumento no capital do clube para R$ 1,422 bilhão, com mais R$ 200 milhões aplicados integralmente pelo FIP Galo Forte, comandado pelo banqueiro Daniel Vorcaro, que já detinha participação na sociedade.

Segundo maior acionista

A entrada de mais valores por Vorcaro, que já tinha aplicado R$ 100 milhões anteriormente, acabou mudando a estrutura da SAF. O Fundo Galo Forte passou a ser o segundo maior acionista da SAF do clube, atrás da família Menin.

Hoje a Galo Holding possui a seguinte composição: 2R Holding SAF (Rubens Menin e Rafael Menin) com 55,74%, FIP Galo Forte (Daniel Vorcaro) com 26,88%, Ricardo Guimarães com 8,43% e FIGA com 8,96%.

Mas o “Galo” não parou por aí. Em uma operação pioneira e mostrando um grande exemplo de inovação financeira, o Atlético Mineiro emitiu R$105 milhões em títulos, iniciando uma nova era de captação de recursos para os clubes.

Desbêntures FUT

Com isso, o Atlético de Minas se tornou o primeiro clube brasileiro a emitir debêntures FUT, marcando um momento histórico para o futebol nacional.

Essas debêntures, previstas pela Lei nº 14.193/2021, oferecem uma série de vantagens que as tornam uma opção atraente tanto para os clubes quanto para os investidores, ao permitirem que as SAFs captem recursos com base em receitas futuras, alinhando os interesses dos credores ao sucesso financeiro do clube.

A emissão das debêntures não só reforça a confiança do mercado no modelo das SAFs, mas também estabelece um padrão que pode ser seguido por outras agremiações em busca de alternativas sustentáveis para financiamento.

Europa

Clubes na Europa já adotam esse tipo de comportamento há alguns anos, mostrando se tratar de uma prática consolidada que se expande ao redor do mundo, proporcionando uma base sólida para investimentos e expansão.

O Real Madrid na Espanha e o Tottenham Hotspur da Inglaterra emitiram títulos para modernizar seus estádios, reduzindo a necessidade de crédito bancário. Já o Juventus da Itália e o Sporting CP de Portugal utilizaram as debêntures para reestruturar suas dívidas e, com isso, atingir o equilíbrio financeiro.

Portanto, pode-se concluir que o exemplo do Atlético Mineiro deve servir de inspiração para outros clubes que desejam adotar o modelo de SAF e explorar novas formas de financiamento, alinhando a paixão pelo esporte com uma gestão responsável e inovadora.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

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