Artigo escrito por Zeller do Valle Bernardino, sócio da Valor Investimentos e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Economia de 2024 do IBEF-ES.
O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), responsável pela previdência pública no Brasil, é insustentável.
O modelo atual depende diretamente das contribuições dos trabalhadores da ativa para pagar os benefícios dos aposentados.
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No entanto, com o envelhecimento da população e a redução da taxa de natalidade, esse sistema se torna cada vez mais frágil e desequilibrado, exigindo reformas constantes para evitar um colapso financeiro.
O sistema previdenciário é insustentável?
De acordo com o Tesouro Nacional, o rombo da previdência tem se ampliado ano após ano.
Em 2022, o déficit foi de cerca de R$ 267 bilhões, um sinal claro de que o sistema não consegue mais se sustentar apenas com as contribuições arrecadadas.
Esse desequilíbrio tende a se agravar, já que a expectativa de vida no Brasil tem aumentado, passando de 45,5 anos na década de 1940, para 77 anos em 2021, conforme o IBGE.
Além disso, a taxa de natalidade caiu drasticamente, de 6,2 filhos por mulher em 1960, para 1,7 em 2020.
Com menos trabalhadores contribuindo e mais pessoas recebendo benefícios por um período mais longo, o modelo previdenciário se torna financeiramente insustentável.
Essa combinação de envelhecimento populacional e baixa taxa de natalidade cria uma pressão crescente sobre o sistema previdenciário.
Como a estrutura da previdência torna o sistema inviável?
Em um modelo que opera como uma pirâmide, no qual os novos contribuintes sustentam os aposentados, o número de trabalhadores não será suficiente para manter os pagamentos à medida que o número de beneficiários aumenta.
É por isso que o Brasil tem enfrentado uma necessidade contínua de reformas previdenciárias.
A última reforma, aprovada em 2019, estabeleceu uma idade mínima para aposentadoria, buscando aliviar o déficit, mas os ajustes não são suficientes para resolver o problema a longo prazo.
Privilégios aumentam a desigualdade
Vale lembrar também dos inúmeros privilégios que são concedidos a certos setores, principalmente o funcionalismo público que recebem valores muitas vezes integrais e até acima do teto do INSS.
Isso enquanto trabalhadores da iniciativa privada estão sujeitos a um limite mais restrito de benefícios, o que gera uma discrepância significativa, o que aumenta a desigualdade.
Modelos previdenciários alternativos
Existem exemplos de sistemas previdenciários mais bem-sucedidos em outros países.
O modelo chileno, por exemplo, estabeleceu, em 1981, um sistema de capitalização individual, no qual cada trabalhador é responsável por acumular sua própria poupança de aposentadoria, com gestão de fundos privados.
Embora o modelo chileno também enfrente desafios, ele apresenta uma alternativa interessante para o Brasil, pois reduz a dependência de um sistema público que exige constantes reformas.
Outro exemplo é o modelo sueco, que combina um sistema público básico, financiado por impostos, com contas de poupança individuais, dando mais flexibilidade e sustentabilidade ao sistema.
Como garantir um futuro financeiro seguro?
Diante desse cenário de incerteza, é fundamental que cada indivíduo comece a acumular sua própria poupança de longo prazo.
Contar exclusivamente com o INSS pode ser um risco elevado, considerando a situação financeira e as tendências demográficas do país.
Investir em uma previdência privada ou outros ativos de longo prazo é uma forma de garantir segurança financeira na aposentadoria, sem depender exclusivamente de um sistema público que, em essência, pode ser comparado com uma pirâmide.
Em resumo, o INSS, no formato atual, não é sustentável
Com o envelhecimento da população e a redução do número de contribuintes, o sistema enfrenta desafios crescentes que exigem reformas constantes.
Para garantir uma aposentadoria digna no futuro, é crucial que cada pessoa se conscientize da importância de poupar e investir por conta própria, buscando não depender integralmente de um sistema falho e em risco de colapso.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo