
*Artigo escrito por Hugo Paradella Albertino, economista, especialista em finanças corporativas com MBA em Investimentos e Mercado Financeiro, com sólida experiência na área financeira, tem atuação no mercado financeiro e em tesourarias corporativas de grandes companhias dos setores de transporte, logística e varejo. É membro do IBEF Academy.
Nos primórdios da civilização, numa era em que a ideia de moeda sequer existia, os indivíduos colaboravam num sistema de partilha de tarefas a fim de fabricar mercadorias.
Durante este período, as atividades de produção eram menos complexas e acessíveis a todos. Isso deu origem ao método de permuta direta, conhecido como escambo.
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Porém, com o avanço da sociedade, a mesma se tornava mais complexa. Surgiram novos ofícios e profissões. Logo, manter as relações de troca direta se tornou insustentável. Foi a partir daí que surgiu a necessidade de criação de meios de troca. Algo que representasse valor universal e que fosse fácil de negociar.
Neste sentido se têm o conceito inicial de dinheiro. Inicialmente, o trigo foi a moeda corrente mais aceita, mas existiram outras moedas, como: carne, couro, sal e até metais preciosos.
A partir do século VII a.C., começaram a surgir as moedas metálicas da forma que existem até os dias de hoje. Este modelo permitiu muito avanço na sociedade, mas se tornou complexo, pois era muito perigoso acumular grandes volumes desta moeda, além de ser um desafio para a mobilidade.
Em decorrência destes problemas, surgiram as casas de custódia, que se propunham a guardar as quantias de moedas metálicas e emitiam para as pessoas um certificado representando o valor depositado.
Estes são os primeiros registros do surgimento do papel-moeda. No início, seus lastros eram os metais depositados nas casas de custódia.
O papel-moeda lastreado em metais deu origem ao que muitos conhecem como padrão ouro, que foi um sistema monetário que regeu a economia mundial do século 19 até a Primeira Guerra Mundial.
Resumidamente, a teoria se concentrava nas conexões entre dinheiro e níveis de valor, levando em conta os processos de aumento e redução de preços.
Sob o sistema do padrão ouro, era um requisito essencial que cada nação mantivesse uma parte de seus recursos na forma de ouro, estabelecendo reservas monetárias. Isso implicava que o valor da moeda de cada nação estava vinculado à quantidade de ouro que ela possuía.
O padrão-ouro perdurou até a Primeira Guerra Mundial. Após esse período, as instituições ganharam ascendência, e as moedas fiduciárias assumiram o controle.
Até os dias atuais, as três principais moedas fiduciárias que influenciam a economia global são o dólar, o euro e o iene.
Em vez de estarem ligadas a equivalentes em ouro ou outros ativos físicos, as chamadas moedas fiduciárias tinham o seu valor baseado na confiança da população e dos investidores em relação ao governo emissor.
Esse é o modelo vigente até hoje, o que permitiu grandes evoluções ao sistema financeiro, que não dependia mais de um lastro para crescer. Porém, isso não significa que o modelo seja perfeito.
No modelo atual, o dinheiro pode ser impresso baseado em critérios subjetivos, que, se definidos de forma equivocada, têm como consequência indesejável o aumento na inflação com a desvalorização do dinheiro.
Têm-se observado atentamente a evolução da moeda com a chegada de moedas digitais e criptoativos, será este o início de um novo sistema monetário e um novo tipo de moeda?