Economia

Indústria opera 16,3% abaixo do pico registrado em junho de 2013, aponta IBGE

Rio – As sucessivas quedas na produção registradas nos últimos meses fizeram a indústria brasileira operar 16,3% abaixo do pico registrado em junho de 2013, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em setembro, a linha de produção estava no mesmo patamar de abril de 2009, ano em que a indústria registrou o pior resultado da série histórica da Pesquisa Industrial Mensal.

“Este ano, com exceção dos meses de maio e janeiro, que tiveram taxas ligeiramente positivas, todas as outras informações foram negativas”, ressaltou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. “Cada vez mais a indústria vem se afastando do seu pico histórico, operando em patamares cada vez mais baixos”, disse.

Macedo lembrou que os fatores que justificam a queda na produção industrial do País permanecem no radar, como a redução na confiança do empresário e do consumidor, o aumento na taxa de desemprego, o crédito mais caro e mais escasso, além da inflação alta corroendo a renda disponível. “Todos esses fatores estão permanecendo. Então essa é uma leitura que permanece até o penúltimo mês de 2015. Claro que há um comportamento de queda bem importante para o setor industrial, resta saber a magnitude de queda (no ano)”, afirmou.

A indústria fechou 2009 com uma perda de 7,1%. Se a produção mantiver o ritmo de perdas, pode fechar 2015 com o pior resultado da série histórica do IBGE. De janeiro a setembro, a produção industrial já acumula uma perda de 7,4%.

“Há um perfil semelhante de queda (2009 e 2015). O desempenho para 2015 é bastante negativo. Se o ano fechar com resultado semelhante ao registrado até agora no ano, de -7,4%, será o pior resultado da série. Mas ainda faltam três informações para frente”, ponderou Macedo.

O pesquisador reconheceu que há padrões de aumento de produção na indústria nos meses de setembro e outubro para atender à maior demanda por produtos no fim do ano. “Isso a gente não consegue visualizar de jeito nenhum nesse ano. Mas isso depende da conjuntura de cada ano”, disse.

No acumulado de janeiro a setembro de 2015, 25 das 26 atividades pesquisadas registram perdas na produção. “Só o setor extrativo que registra avanço na produção”, lembrou Macedo.

Nem a desvalorização do real em relação ao dólar, que favorece as exportações, foi capaz de ajudar a reverter o comportamento de queda da indústria. “Claro que tem nichos que mostram algum tipo de comportamento positivo, mas incapaz de reverter a queda que a indústria já vem apresentando há alguns meses”, afirmou Macedo. Ele citou os setores de celulose e produtos siderúrgicos como beneficiados pela mudança no câmbio, mas ainda sem influência para melhorar o desempenho industrial.

Bens de capital

A alta de 1,0% na produção de bens de capital em setembro ante agosto deve ser relativizada, uma vez que não recupera as perdas registradas nos meses anteriores, avaliou André Macedo.

“(A categoria) Bens de capital cresce 1%, mas existe um comportamento negativo desde fevereiro, quando acumulou uma perda de 25,2%. Então existe um resultado positivo em setembro, mas que não suplanta nem de longe a perda acumulada em meses anteriores”, ressaltou Macedo.

Em relação a setembro de 2014, a produção de bens de capital caiu 31,7%. No fechamento do terceiro trimestre, o tombo foi de 30,7% em relação a igual período do ano anterior. Houve retração em todas as subcategorias: com destaque para o recuo de 56,4% nos bens de capital voltados para a construção e a queda de 36,6% nos bens de capital para transporte, devido à menor produção de caminhões.

“Esse perfil de queda da produção de bens de capital como um todo está refletindo essa redução na expectativa de empresários, que está diminuindo sua predisposição a realizar investimentos”, explicou Macedo.